Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Em Cartaz

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca

‘Lobisomem’ faz terror sobre ‘machos-alfa’, mas mais late do que morde

Filme de terror estrelado por Julia Garner e Christopher Abbott recupera o monstro do Universal Studios para história sobre família em crise

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jan 2025, 11h45 - Publicado em 16 jan 2025, 10h00

Em 1941, o ator húngaro Béla Lugosi largou o traje de Drácula, se vestiu de cigano e abocanhou Lon Chaney em frente às câmeras do estúdio Universal, dando origem ao que seria O Lobisomem, um dos vários monstros clássicos do estúdio — mas longe de ser o mais famoso. Eclipsado pelo colega vampírico e pelo monstro de Frankenstein, a figura não resultou em tantas produções cinematográficas de sucesso massivo. Para o diretor Leigh Whannell, porém, o desafio de lhe dedicar um novo blockbuster parecia apropriado após O Homem Invisível (2020), com o qual brilhou ao trazer outro dos protagonistas sobrenaturais da empresa para um público contemporâneo. Nasceu assim Lobisomem, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 16 de janeiro.

Desta vez, quem passa pela transformação é o escritor Blake (Christopher Abbott), que fica em casa cuidando da filha pequena Ginger (Matilda Firth), enquanto a esposa Charlotte (Julia Garner) garante o sustento da casa como jornalista. Criado por um pai severo no interior de Oregon, o protagonista cresceu com medo do genitor e decidiu jamais exercer a mesma influência sobre outra pessoa. Inofensivo, vive na cidade e não liga para papéis de gênero. Após a confirmação da morte do pai, porém, tem que voltar para a casa onde cresceu. No caminho, passa por um acidente de carro na floresta e é mordido por uma criatura misteriosa, iniciando uma metamorfose grotesca que transformará sua personalidade, força e dieta. 

Em 2025, a sinopse é oportuna. Mesmo que mulheres corram com os lobos segundo a autoajuda feminina, nunca antes homens utilizaram tantas denominações lupinas para reafirmar sua virilidade graças a coaches como Andrew Tate, que instigam massas de seguidores com o sonho da identidade “alfa”. Para seus discípulos, a violência masculina imposta é sinal de honra e ancestralidade, danem-se as mulheres ao redor e os parceiros de gênero mais fracos, chamados “betas” ou “ômegas”. O lobo selvagem seria a essência do homem e a domesticidade, aberração. Reside nesta ideia a maior força de Lobisomem, que a rebate com elegância. Por meio da estrutura do horror, Whannell demonstra uma família saudável corroída pela retomada de uma figura paterna agressiva. O argumento é sofisticado, a execução, tacanha. 

Promissora, a trama é prejudicada por uma direção letárgica, que se limita a espaços escuros e melancolia incessante. Um momento delicado entre lobisomem e vítima é suficiente para comunicar a tragédia que acomete o clã, mas o efeito perde a força a cada repetição. Enquanto O Homem Invisível esbanjava dinamismo lacerante, Lobisomem é só soturno e parece pouco interessado no gênero do horror, sem ao menos oferecer uma boa cena de transformação — sacrilégio para o cânone de homens-lobos do cinema. 

Continua após a publicidade

Sob muita maquiagem, Abbott se mostra capaz, mas não escapa da monotonia. Garner, por sua vez, tem que trabalhar dentro dos parâmetros genéricos de esposa hollywoodiana — independente, mas ainda afável e amorosa, jamais incongruente com o dever de mãe. Apesar de se dedicar a uma mudança de paradigma, Lobisomem tem tanto medo de surpresas que deixa de provocá-lo no público. Mais fácil se arrepiar com uma placa de “cão bravo”.

Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:

  • Tela Plana para novidades da TV e do streaming
  • O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
  • Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
  • Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.