Maeve Jinkings sobre casal de mulheres de Vale Tudo: ‘Reparação histórica’

Como recebeu o convite para a novela? A primeira informação que recebi foi: a Cecília não morre. Eu falei: “Tá, então estamos partindo de um ótimo lugar”. Vi no convite a chance de uma reparação histórica para esse casal tão marcante da televisão.

Como a novela vai se equilibrar para quebrar tabus, como a adoção em famílias homoafetivas, sem afastar a audiência conservadora? Sempre penso em como eu falaria sobre isso com alguém que aprendeu a ver o mundo de outro jeito, em uma plataforma que fala com tanta gente como a novela. Então eu sinto que há um cuidado da Manuela (Dias) de não carregar uma bandeira, mas mostrar que são duas pessoas que se amam, que querem acolher uma criança e formar uma família.

A primeira Vale Tudo foi vítima da censura. Hoje, a novela pode se autocensurar para não perder público? A sociedade está mais complexa e somos um país muito conservador. Nossa proposta é expor os temas, colocá-los sobre a mesa e possibilitar debates.

Vai rolar cena de beijo? Olha, estamos lutando por isso. Tenho esperança.

Você é bissexual e essa é sua primeira personagem gay. Como tem sido essa experiência? Sou de uma família muito liberal. Isso de conter o discurso me fez ter mais consciência do preconceito. Quero fazer um esforço de comunicação, ao mesmo tempo que não vou pedir desculpa por quem eu sou.

Publicado em VEJA de 2 de maio de 2025, edição nº 2942

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