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‘Os Fabelmans’: Spielberg expõe segredos de família em belíssimo filme

No drama, diretor retrata com sensibilidade sua infância e adolescência, dos traumas que sofreu até o despertar da paixão pela arte do cinema

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h06 - Publicado em 13 jan 2023, 06h00
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  • LUZ, CÂMERA E AÇÃO - Gabriel LaBelle como Sam Fabelman: uma versão idílica de Spielberg em sua juventude -
    LUZ, CÂMERA E AÇÃO - Gabriel LaBelle como Sam Fabelman: uma versão idílica de Spielberg em sua juventude - (Merie Weismiller Wallace/Universal Pictures/.)

    Steven Spielberg tinha 6 anos de idade quando foi ao cinema pela primeira vez. Sua mãe prometeu que seria uma experiência divertida, pois veriam um filme sobre artistas circenses. O garoto, contudo, saiu da sala traumatizado. A obra em exibição era o hoje clássico O Maior Espetáculo da Terra, dirigido em 1952 por Cecil B. DeMille (1881-1959). Uma das cenas ficou impregnada na mente do menino: um acidente de trem destrói vagões e lança pessoas e animais selvagens ao chão. O assombro causado pela imagem só foi aplacado quando a mãe lhe sugeriu que filmasse com a câmera do pai a mesma colisão usando seu trem de brinquedo — e que assistisse à cena quantas vezes quisesse, até que ela não lhe desse mais medo. Um método terapêutico parecido embala Os Fabelmans (The Fabelmans/Estados Unidos/2022), em cartaz no país. Com o distanciamento e a clareza da maturidade, o diretor de 76 anos observa as dores e alegrias de sua infância e adolescência usando uma família fictícia como espelho da sua.

    Tubarao – Edicao de Colecionador

    Ao acertar as contas com o passado, Spielberg traça uma comovente carta de amor ao cinema: ele é representado no longa por Sam Fabelman (Mateo Zoryan na infância e Gabriel LaBelle na juventude), um garoto que desde pequeno sonha em fazer filmes. De quebra, o diretor presta um tributo à mãe, Leah Spielberg. Pianista talentosa e dona de um espírito livre, Leah torna-se na ficção Mitzi Fabelman, interpretada com vigor e sensibilidade por Michelle Williams — papel que deve render à atriz uma merecida indicação ao Oscar. Leah morreu em 2017, e o pai de Spielberg, Arnold, em 2020. Diante do luto e do temor causado pela pandemia de Covid-19, o cineasta se perguntou: “Se eu pudesse fazer apenas mais um filme, qual seria?”. A inspiração veio da mãe.

    VIDA REAL - Spielberg no set do filme: processo terapêutico por meio da ficção -
    VIDA REAL - Spielberg no set do filme: processo terapêutico por meio da ficção – (Merie Weismiller Wallace/Universal Pictures/.)

    Leah manteve por anos um segredo controverso na vida amorosa — que provocaria uma ruptura drástica na visão de Spielberg sobre a família. Quando o filho ainda adolescente descobriu seu pecado, ela implorou que ele não contasse a ninguém. Décadas mais tarde, a própria mudou de ideia. “Steven, essa história daria um belo filme, não?”, sugeriu Leah, confiante na habilidade narrativa do filho. Para manter a surpresa do espectador, o segredo será mantido neste texto.

    Jogador Número 1

    A vasta filmografia de Spielberg, que vai de dinossauros e alienígenas à escravidão e ao Holocausto, ganha então um item que lhe faltava: a autobiografia. Seguindo um ensinamento do romancista Ernest Hemingway (1899-1961), que dizia ser necessário a um autor escrever de forma clara sobre o que lhe dói, Spielberg entra agora para um seleto grupo de diretores que ousaram olhar para trás com suas câmeras e mostrar ao mundo emoções que por muito tempo preferiram esconder (veja abaixo).

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    FAMÍLIA - Dano e Williams como pais de Sam (Mateo Zoryan): almas opostas -
    FAMÍLIA - Dano e Williams como pais de Sam (Mateo Zoryan): almas opostas – (Merie Weismiller Wallace/Universal Pictures/.)

    Os Fabelmans expõe essas questões íntimas com irresistível delicadeza. Como na vida real, seu pai da ficção, Burt (Paul Dano), é um engenheiro brilhante dos primórdios da computação. O trabalho o leva a Phoenix, no Arizona, onde a infância de Sam e de suas três irmãs mais novas é idílica. A casa onde vivem é palco para o charme e a veia artística da mãe, idolatrada pelo marido e pelos filhos. A falsa ideia de família perfeita se desfaz quando Burt é contratado pela IBM e o clã parte para a Califórnia. Lá, Mitzi entra em depressão e uma crise conjugal se desencadeia. No novo colégio, Sam é agredido, verbal e fisicamente, por ser judeu. A escolha do nome Fabelman, aliás, guarda ligação com o preconceito sofrido pelo diretor: Spielberg costumava dizer que seu sobrenome era alemão para esconder a origem judaica — o roteirista Tony Kushner, que assina a história ao lado dele, escolheu a palavra Fabel, que em alemão significa fábula, para batizar a família fictícia.

    Amor, Sublime Amor

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    Em paralelo ao drama principal, a prática de fazer filmes é celebrada como uma artesania. A câmera sempre à mão vira uma extensão do corpo de Sam. Ele cria com as irmãs e os amigos filmes caseiros, de faroestes cômicos a tramas de terror. A edição das produções amadoras é feita com atenção profissional pelo garoto, que corta os filmes manualmente. Num lance de sorte, o rapaz é apresentado ao ídolo, o diretor John Ford (1894-1973) — vivido aqui numa ponta deliciosa pelo também diretor David Lynch. No rápido encontro (que ocorreu na vida real), Ford lhe dá uma dica essencial sobre enquadramento. Mas o garoto já assimilara a lição mais importante de todas: fazer cinema é causar emoções — arte em que Spielberg é mestre.

    OLHAR ÍNTIMO
    Além de Spielberg, outros cineastas que acertaram contas com o passado em seus filmes

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    Cinema Paradiso – (Miramax/.)

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    O espanhol Pedro Almodóvar vai da origem pobre à crise com o sucesso na maturidade no longa de 2019 protagonizado por Antonio Banderas

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    Belfast
    Belfast – (Universal Pictures/.)

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    O diretor Kenneth Branagh relembra a infância em meio ao caos do conflito civil na Irlanda do Norte nos anos 60 — e o refúgio encontrado na arte

    Publicado em VEJA de 18 de janeiro de 2023, edição nº 2824

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