Filme mais visto da Netflix mundialmente na última semana, Luther: O Cair da Noite acompanha a saga do detetive Luther (Idris Elba) no encalço de assassinos em série — trama iniciada na série originalmente exibida pela BBC entre 2010 e 2019. O desafio da vez é capturar o psicopata David Robie, interpretado primorosamente por Andy Serkis, o líder de uma seita de hackers que encontra os segredos mais sombrios de pessoas comuns para chantageá-las e depois matá-las. Em entrevista a VEJA, Serkis ameniza as maldades do personagem e reitera que o perigo é muito maior do que David.
“Não acredito no conceito de vilania. Não acho que podemos colocar as pessoas em caixas de bem e mal, acho que só a religião faz isso”, disse o ator. “Mas todos os vilões que Neil Cross cria são muito conectados conosco, são homens comuns no final das contas, o que faz você questionar a sua própria parte obscura de personalidade. É o conceito de: ‘quem você é quando ninguém está olhando?’. Uma pergunta moral muito interessante”, explicou. “Neste filme, temos exatamente isso, de ser observados, vigiados. Envergonhando alguém pelo que essa pessoa faz no privado. Acho essa construção de narrativa fantástica. O vilão em Luther, dessa vez, não é só uma pessoa, é um coletivo que responsabiliza a tecnologia”, completou Serkis.
Criador de Luther, Neil Cross justifica as atitudes de David como uma reação à era tecnológica. “O medo de passar vergonha em público é geral, todos temos segredos que adoraríamos que ninguém descobrisse, principalmente nossos entes queridos, que dirá uma sociedade inteira. Muitos desses segredos nem são importantes ou problemáticos, mas nós tememos que eles se tornem públicos. Curiosamente, hoje, nós compartilhamos tudo nas redes sociais, às vezes, de forma anônima. A ideia de existir um David Robie lá fora, vasculhando vergonhas e usando contra pessoas comuns, me pareceu bem assustador”, contou.