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Rodrigo Faro fala de filme sobre Silvio Santos: ‘Fiz para ele assistir’

Em entrevista a VEJA, ator e apresentador lamentou que dono do SBT não pôde ver o resultado da cinebiografia 'Silvio', que estreia em 12 de setembro

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 set 2024, 19h36 - Publicado em 5 set 2024, 19h34

Intérprete de Silvio Santos na cinebiografia Silvio, que estreia em 12 de outubro nos cinemas, Rodrigo Faro falou em entrevista a VEJA sobre o desafio de viver o maior comunicador da história do Brasil. Dirigido por Marcelo Antunez e produzido por Fabio Golombek, o longa relembra o sequestro do dono do SBT por Fernando Dutra Pinto, em 2001, quando o empresário foi mantido refém dentro de sua própria mansão no Morumbi por várias obras. No filme, Silvio (Rodrigo Faro) reflete sobre momentos importantes de sua vida, incluindo arrependimentos em relação à primeira esposa, Maria Aparecida, morta em decorrência de um câncer, e sua negligência paternal com a filha primogênita, Cintia Abravanel. O longa chega às salas de cinema quase um mês após a morte do apresentador, em 17 de outubro, aos 93 anos, após um quadro de broncopneumonia causada pelo vírus H1N1.

Confira a entrevista com Rodrigo Faro:

Na época de pré-produção do filme, você encontrou o Silvio Santos para falar desse papel. Como foi aquele encontro? Eu cheguei no camarim dele no SBT, ele estava assistindo A Pantera Cor de Rosa na TV, tinha acabado de fritar o bife dele — tinha aquele cheiro de fritura no ar. E aí eu sentei, ele me perguntou: ‘A que devo a honra’, aí comecei a contar a história do filme. Ele começou a perguntar do roteiro, sobre o que tinha e o que não tinha, perguntou se o filme ia resgatar desde a passagem do camelô, eu confirmei. Depois, ele falou um pouco da vida dele, de passagens da vida dele, da relação com a Globo, do começo do SBT, e tudo isso já foi um laboratório para mim. Ali eu vi o Silvio falar no tom que ele fala normalmente, sem estar como personagem Silvio Santos do palco, ali era o Senor Abravanel recebendo um fã.

Ficou inspirado por esse encontro? Aquilo foi fundamental para mim, e foi aquele encontro que me fez aceitar o convite [de interpretar o Silvio], porque era um desafio muito grande. Foram 15 anos parado [sem atuar], um personagem desse tamanho, um comunicador vivendo outro muito maior. Eu não ia fazer o Silvio de peruca e microfone, dizendo ‘Ma oi! Vem pra cá!’, eu precisava interpretá-lo naquela situação do sequestro, dizendo ‘Eu não posso morrer, deixa a minha família fora disso’, com um revólver apontado para ele. E falar com o Silvio me deu total segurança, mas eu continuava ansioso e nervoso com tudo isso e aí vem o trabalho do diretor, Marcelo Antunez, de dizer que tudo isso que eu estava sentindo era maravilhoso. E que isso ia me ajudar muito na construção desse personagem que era e que era exatamente esse ator que ele queria, um ator que respeitasse o projeto, soubesse o tamanho do desafio e que fosse se entregar para ele de corpo e alma. Foi isso que eu que eu quis fazer.

Com a morte de Silvio Santos em 17 de agosto, e o filme sendo lançado em 12 de setembro, como espera que a família Abravanel reaja ao filme — ainda mais sabendo que Silvio toca em pontos delicados da vida pessoal dele? Eu recebi três mensagens aqui da família do Silvio. Três mensagens  lindas.

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De quem? Não vou falar, mas eu recebi três mensagens, hoje, me dando boa sorte, mandando coração, mandando um trecho de um salmo. Então, só por aí, eu não sei o que vai acontecer, mas eu vejo que estou no caminho certo, de respeito, de honrar um legado, de fazer um filme não para mim, não para minha carreira, não para o meu ego, porque eu queria fazer um filme para que o Silvio assistisse — tanto que eu só ia aceitar se ele gostasse da ideia. Então, quando chegaram essas mensagens logo hoje, que é um dia tão especial, o dia da nossa pré-estreia, eu fiquei muito seguro, muito feliz com com o resultado e de saber que, mesmo de longe, tem pessoas importantes nesse processo me apoiando, cuidando e orando para que para a memória do Silvio seja honrada. E sobre as partes delicadas, usamos todas as frases que ele mesmo falou, ele mesmo expôs toda essa fragilidade humana, de dizer que se arrependeu de esconder a primeira família, ele chamou de ‘imaturidade’, de admitir que escondeu a primeira esposa, a Cida, e as filhas, Cintia e Silvia, para ser o galã. E, durante o sequestro, naquele medo de perder a vida, ele revisitou o próprio passado, pensou onde errou e onde acertou.

É muito difícil interpretar o Silvio Santos. Durante o processo, você temeu as críticas? A crítica faz parte. A gente só tem que selecionar o que é a crítica do jornalista, a crítica construtiva, do que é maldade para ganhar clique, porque isso é uma coisa que acontece. A gente tem que estar preparado, e a gente tá no game. Se não sabe brincar não desce para o play. Então, quando você vai fazer um personagem, você sabe o desafio que isso significa, então eu tô preparado para isso, mas se cada crítica que eu tivesse ouvido ao longo da minha vida tivesse me paralisado ou eu tivesse dado crédito, eu não estaria aqui hoje. Eu não teria nem aceitado fazer esse papel, então, é com muita humildade que eu aceitei fazer esse papel e esse desafio, estou preparado para tudo. Eu não fiz isso para ter crítica boa ou ruim, eu fiz para homenagear um cara que faz parte da minha vida, e eu queria muito que ele tivesse visto. Eu queria que ele gostasse, mas não foi assim que Deus quis, então que o Brasil possa assistir esse filme que foi feito com muito amor.

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