VEJA e Marcelo Rubens Paiva avaliam chances de ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar
Autor do livro que originou o filme participa de live sobre as indicações conquistadas pela produção
Em um feito inédito para o cinema brasileiro, o filme Ainda Estou Aqui conquistou três indicações ao Oscar — entre elas a de melhor filme. Essa é a primeira vez que um longa nacional disputa a categoria mais importante da festa. Nesta quinta-feira, a live do programa Em Cartaz, com os jornalistas Raquel Carneiro, Thiago Gelli e Felipe Branco Cruz, trouxe também a participação de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que deu origem ao filme e filho de Eunice Paiva, personagem vivida por Fernanda Torres. O programa analisou o significado das indicações históricas e os desafios que Fernanda e companhia terão de vencer para trazer uma estatueta para casa.
Marcelo Rubens Paiva falou sobre sua reação às indicações e afirmou que pensou na mãe: “Dei gritos de alegria, chorei, sempre pensando na minha mãe, no que ela imaginaria de tudo isso que está acontecendo e de como é importante esse filme para o mundo agora, em que os direitos humanos, a democracia, a empatia estão sendo ameaçados. E nesta semana teve o discurso do Trump, que foi uma coisa medonha, o retrocesso de uma sociedade que está querendo buscar justiça social para todos”.
O escritor também comentou o ceticismo do diretor Walter Salles e celebrou o fato de Ainda Estou Aqui ter conseguido furar uma bolha. “Até meia hora antes da indicação, o Walter estava um pouco cético: ‘Torça, torça, torça, pede a bênção da Eunice’. Falei: ‘Vai dar certo’. O filme é incrível, pegou na Europa, nos Estados Unidos, as pessoas estão assistindo, as matérias nos veículos internacionais são fabulosas”, contou. “Pouco a pouco o filme foi entrando em um mercado muito dominado pelas grandes produções, por Hollywood. O maior mérito ali foi a gente furar uma bolha, o Brasil nunca ganhou o Oscar, uma bolha de uma indústria muito poderosa e com muito lobby, muito rica.”
Por fim, Marcelo refletiu sobre a importância do filme. “É importante para o Brasil, que quase viveu mais um golpe militar, em 2022, em 2023. É importante para o mundo, que está vivendo tensões em suas democracias, para as pessoas voltarem a olhar o outro com empatia, a pensar em voltar a resolver os problemas no voto, no diálogo, e não na força, no fuzil e na morte”, disse.