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Análise: um governo em pane seca

Será que o governo Michel Temer terá combustível para acabar?

Por Silvio Navarro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h07 - Publicado em 28 Maio 2018, 19h32
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  • O presidente Michel Temer afirmou na tarde desta segunda-feira “ter absoluta convicção” de que a paralisação dos caminhoneiros terminará amanhã. Todos os brasileiros que querem trabalhar, levar seus filhos à escola, ir ao supermercado ou que precisam de qualquer serviço público — amanhã! — esperam que ele esteja certo. Mas o estrago já está feito. Na economia, enquanto o time do presidente recalcula o impacto de quase 10 bilhões de reais nas contas públicas e na saúde da Petrobras, o cidadão de bem vai pagar muito mais caro pela inoperância de um governo fraco e pela irresponsabilidade de quem flerta com o perigo ao apostar no caos e/ou em qualquer hipótese de intervenção militar.

    É possível que Temer esteja certo e que amanhã ou depois os postos de gasolina abasteçam as ruas. Mas que não se perca de vista que esse governo cedeu uma, duas, três vezes aos senhores chantageadores das estradas — e aos seus patrões –, e ainda assim, assistiu quase atônito aos brasileiros responderem de ombros. Por quê? Porque ninguém que paga imposto honestamente hoje confia no político que herdou um país aflito por um horizonte mais lúcido, mas que personifica o retrato inequívoco do velho Brasil. Cujo nascedouro do mandato tem raízes naquilo que ninguém mais aguenta: um gabinete chefiado por Jucá, Geddel, Henrique Alves e outros, para citar só quem foi preso, para além de assessores que vão terminar 2018 nas páginas dos inquéritos da Lava Jato.

    Também é uma crise do Congresso. Um Legislativo tíbio que não responde às reais necessidades do país porque foi feito refém de um governo que só reluta em sobreviver e não tem mais gasolina — leia-se emendas ao Orçamento e cargos na máquina — para distribuir a granel.

    Quando o estoque esgotou-se porque a conta da União não fechará para 2019, Temer e seu gabinete de dinossauros entenderam que nem todos os amigos da festa de ontem são realmente fiéis: Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, foi o primeiro a pular do barco. Convocar Eunício Oliveira, o presidente do Senado, a reagir agora, foi quase um grito desesperado de uma administração inepta que não teve um Renan Calheiros para toda a obra — como Lula e Dilma sempre tiveram. Talvez essa seja a carta do baralho que Temer gastou cedo demais — ou preferiu não usar.

    É um governo em pane seca.

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