‘Cosmos’ ganha nova temporada e ressalta a importância da ciência
Original dos anos 80, a série se dedica a explorar os efeitos da ocupação humana e os mundos possíveis de um futuro próximo
“Se você deseja fazer uma torta de maçã do zero, deve primeiro inventar o universo.” Dita pelo astrofísico americano Carl Sagan (1934-1996) na série Cosmos, em 1980, a frase traduz a ideia do célebre programa de TV apresentado por ele. Para transformar a ciência em um assunto instigante e palatável é preciso provar que tudo e todos estão conectados, de alguma forma. Uma simples torta de maçã deriva de conhecimentos químicos, da criação da agricultura e da pecuária, da descoberta do fogo… E assim por diante. Seguindo a mesma paixão por ligar os pontos de investigações infindáveis, o astrofísico Neil deGrasse Tyson assumiu a segunda temporada da série em 2014, e agora retorna para uma terceira leva de episódios, disponíveis a partir do sábado 6, no canal pago National Geographic, às 22h30.
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Quatro décadas depois da estreia com Carl Sagan, a série se faz ainda mais urgente ao retornar não só em meio a uma pandemia mas também em um período que o conhecimento é constantemente desmerecido por autoridades mundiais (com uma grande contribuição brasileira nesse aspecto). “A Covid-19 revelou de forma direta e dolorosa quanto somos dependentes da ciência”, disse a VEJA Ann Druyan, viúva de Sagan e criadora da série. A terceira temporada, batizada de Cosmos: Mundos Possíveis, expõe como o homem impactou na extinção de outras espécies e na degradação do meio ambiente. Para Ann, porém, a ideia não é causar pânico, mas promover o aprendizado: “Queremos mostrar um futuro pelo qual vale a pena lutar”.
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Com recursos de animação e trilha sonora digna de Star Wars, a produção prende de forma eficiente o espectador afeito à ficção científica. O episódio inaugural propõe uma viagem que vai do encontro entre dois buracos negros à formação do DNA, passando pela extinção dos dinossauros até o desenvolvimento das sociedades, incluindo a relação do homem com a religião. Um personagem se destaca: Baruch Spinoza (1632-1677), que defendeu a separação entre o Estado e a Igreja e dizia que Deus se manifestava na natureza. “A ciência é o melhor caminho para a humildade e, por sua vez, para a espiritualidade. Ela nos obriga a admitir a nossa ignorância”, afirma Ann. A jornada ao cosmos é também uma viagem pessoal.
Publicado em VEJA de 10 de junho de 2020, edição nº 2690
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