Em agosto de 2018, a ONG Proteção Animal Mundial descobriu que papagaios-cinzentos, ou papagaios-do-congo, espécie africana, foram transportados pela companhia aérea Turkish Airlines entre Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e o Kuwait, via Istambul, com mais de 60 animais encontrados mortos no local de destino. A investigação foi divulgada pela ONG neste mês com a campanha “Animal Silvestre Não É Pet”.
A participação de companhias aéreas no comércio ilegal de animais não é novidade. Em 2016, 48 empresas do setor assinaram a Declaração do Palácio de Buckingham, que estabeleceu o reconhecimento da indústria na responsabilidade de contribuir com o combate aos criminosos nas rotas preferidas para o transporte ilegal. Além das aéreas, o documento também foi assinado por lideranças de ONGs, companhias marítimas, entre outros.
A Turkish Airlines, por sua vez, assinou o documento apenas em novembro de 2017. Em janeiro do ano seguinte, a companhia foi flagrada com um carregamento de 340 papagaios-do-Congo. Então, em julho do mesmo ano, a empresa reiterou o compromisso com o combate ao tráfico de animais. Contudo, em agosto e em dezembro de 2018 foram feitas apreensões de aves transportadas pela companhia. Após a divulgação da investigação e o lançamento da campanha “Animal Silvestre Não É Pet”, da Proteção Animal Mundial, a Turkish reafirmou, mais uma vez, o pacto com a causa.
O objetivo da campanha é alertar para os fatos: pelo menos três de cada quatro cobras, lagartos e tartarugas morrem em um ano dentro de casa, em cativeiro; três de cada quatro papagaios-do-congo capturados para serem vendidos como animais de estimação morrem antes de chegar a um comprador; e quase um terço de todos os animais silvestres morre durante o transporte.
De acordo com o gerente de vida silvestre da Proteção Animal Mundial, Roberto Vieto, “a capilaridade da Turkish Airlines e Cargo é muito ampla, a companhia voa para 120 países, incluindo o Brasil. Por isso, o compromisso da empresa com a causa é tão importante. Ao comprarem animais silvestres como bichos de estimação, as pessoas não sabem que estão alimentando um mercado ilegal responsável por tanta dor e sofrimento aos bichos”. Segundo a ONG, o segmento movimenta cerca de US$ 42,8 bilhões e causa um impacto devastador nas populações de animais silvestres de todo o mundo, pois três em cada quatro morrem no transporte ou em um ano de cativeiro.
“Além disso, descobrimos que 45% dos donos de animais exóticos não sabem que sua espécie é considerada silvestre, a compra é feita por amor aos animais. As pessoas desconhecem o sofrimento extremo causado a eles”, completa Vieto.