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Relatório mostra que Brasil é o terceiro país que mais mata ambientalistas

Aumento da violência foi associado ao atual governo federal, por incentivar o uso de armas de fogo e avanços na Amazônia

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 jul 2020, 21h03

A ONG Global Witness divulgou nesta terça-feira, 28, o relatório anual sobre as ameaças aos defensores da terra e do meio ambiente. De acordo com o levantamento da organização, 2019 acumulou o maior número de ambientalistas mortos em um único ano, com 212 vítimas fatais por se posicionarem a favor da proteção da natureza. No novo ranking, o Brasil ocupa um vergonhoso espaço no pódio: ficou em terceiro lugar entre os que mais matam, com 24 assassinatos. O país ficou atrás somente da Colômbia, com 64 mortes, e Filipinas, com 43.

De acordo com o ativista sênior da Global Witness, Ben Leather, houve um aumento em 2019 em comparação ao ano anterior, quando 20 mortes foram registradas. “É importante dizer que os assassinatos representam somente o ponto mais nítido dos riscos que os ambientalistas enfrentam. Ameaças, criminalização, ataques contra parentes, entre outras violências, são comuns no dia a dia”, explicou. 

Em comparação a outros defensores do meio ambiente, os povos indígenas correm um risco desproporcional de represálias. De acordo com a Global Witness, no ano passado, 40% das vítimas pertenciam a comunidades indígenas e, entre 2015 e 2019, mais de um terço de todos os ataques fatais foram direcionados a esses povos – mesmo que as comunidades indígenas representem apenas 5% da população mundial. “Apenas no Brasil, eles representaram 42% das mortes e são apenas 0,4% da população. Os povos indígenas estão mais vulneráveis do que nunca”, disse o ativista sênior da Global Witness.

Para a coordenadora nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Jeane Bellini, o governo federal de um sinal verde para a disputa por terras. “Os violentos estão vendo que nessa conjuntura a impunidade é mais garantida do que antes, então eles estão agindo enquanto podem”, afirmou. “Houve um desmonte das políticas públicas e dos órgãos de fiscalização que abriu as portas para tanta destruição e no ritmo em que está acontecendo”, concluiu.

Segundo o levantamento, entre os 24 defensores assassinados no Brasil, 10 eram indígenas, 9 campesinos, 2 de familiares ligados a ativistas, 2 classificados como “outros” e 1 servidor público. Os estados que mais registraram mortes foram Pará (7), Amazonas (5), Maranhão (4) e Mato Grosso (2). Amapá, Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco e Rondônia registraram, cada estado, um assassinato. Dos 10 indígenas assassinados, 8 eram da Amazônia: Amazonas (4), Maranhão (3) e Amapá (1). Os outros 2, um do Mato Grosso do Sul e um do Paraná.

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O relatório fez uma associação direta entre o aumento de casos de violência e o atual governo do presidente Jair Bolsonaro. “As políticas agressivas do presidente Bolsonaro de pressionar para expandir a mineração e o agronegócio em escala industrial na Amazônia têm graves consequências para os povos indígenas, bem como para o clima global. A taxa de desmatamento em territórios indígenas está subindo acentuadamente – com um aumento de 74% de 2018 a 2019. Surpreendentemente, o Brasil foi responsável por um terço da perda de florestas tropicais do mundo em 2019. Conforme Bolsonaro reduz a fiscalização ambiental, as redes criminosas que estão dirigindo o desmatamento da Amazônia receberam, efetivamente, luz verde”, diz o documento.

A publicação traz outro destaque preocupante: mais de dois terços dos assassinatos ocorreram na América Latina, que tem sido consistentemente classificada como o continente mais afetado desde que a Global Witness começou a publicar dados em 2012. A região amazônica concentrou 33 mortes, sendo que 90% delas foram no Brasil.

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