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Capitão América: Guerra Civil

Os irmãos Russo acabam de mudar o jogo: nada será como antes nos filmes de super-heróis Publicidade A ASSINATURA ABRIL FICOU AINDA MAIS COMPLETA! Além do acervo de Veja, acesse Quatro Rodas, Claudia, Super e outros títulos Abril (conteúdo digital completo). ASSINE Mais lidasCinemacríticaFilmeIsabela BoscovResenhavídeo

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 22h53 - Publicado em 27 abr 2016, 21h17
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  • Os irmãos Russo acabam de mudar o jogo: nada será como antes nos filmes de super-heróis


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    Cenas de destruição mundial em computação gráfica? Nem pensar – isso é para os fracos: em Guerra Civil, o combate é homem a homem ou, às vezes, em escaramuças sujas como brigas de gangues. A ação é explosiva, imprevisível, e tão contígua do espectador que, da poltrona do cinema, ele quase desvia dos golpes. Vilões foram abolidos: à parte o homem triste interpretado pelo ótimo Daniel Brühl, que tem uma conta pessoal a cobrar, este é um mundo em que a maior ameaça não está em planos malignos – está nas boas intenções, e no partidarismo que elas incitam. Traumatizado por ter criado Ultron, o Homem de Ferro quer agora ser controlado por um comitê multinacional. O Capitão Steve Rogers resiste; teme vir a ser usado de novo, de maneira ilegítima, como instrumento político e ferramenta de guerra – e é isso que o irmana tanto ao velho amigo Bucky, transformado pelos soviéticos no Soldado Invernal. Essa, então, é a guerra civil de que fala o título: a ruptura dos laços fraternos entre o Homem de Ferro e o Capitão América por causa de um irmão pródigo, o Soldado Invernal. Uma ruptura que rapidamente escala para uma crise em família, em que os outros super-heróis – os conhecidos e os novos, como o Pantera Negra de Chadwick Boseman e o sensacional Homem-Aranha de Tom Holland –  vão se alinhando com um lado ou com o outro, sem encontrar nenhum termo de compromisso entre si.

    Os diretores Joe e Anthony Russo acabam de mudar o jogo: não é só na ação, no delineamento dos personagens e nas interpretações meticulosas, complicadas (com destaque, de novo, para Chris Evans), que Guerra Civil faz uma opção decidida pelo realismo. É, acima de tudo, na maneira como os Russo entendem o mundo em que seus super-heróis – e sua plateia – vivem, no qual toda divergência se torna uma divisão sem espaço entre as trincheiras opostas, e no qual toda injustiça sofrida admite retribuições insanamente desproporcionais. Mirando em cheio nas “guerras culturais” e no terrorismo do século XXI, os Russo acertam a plateia na cabeça, e no coração. Boa sorte a quem tiver de lançar um filme de super-herói depois da revolução de Guerra Civil. Só não é preciso desejar sorte se esse alguém for os próprios Joe e Anthony, que têm na agenda Vingadores: Guerra do Infinito – Parte I e II. Se Capitão América: Guerra Civil é apenas a metade do caminho dos Russo na Marvel, é difícil imaginar que cara terá seu destino final.

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    Clique aqui para assistir a minha entrevista com o co-diretor Anthony Russo.

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