Entrevista
Não importa se há sentimentos religiosos em jogo ou não: interpretar Jesus sempre significa, para um ator, ter 2.000 anos de responsabilidade nas costas. Convocado pelo diretor cazaque Timur Bekmambetov para viver o papel na nova versão do clássico Ben-Hur, Rodrigo Santoro se encantou com a ideia de encarnar Jesus como um homem comum, próximo e acessível, misturado às pessoas das ruas de Jerusalém, que nos seus diversos encontros com o príncipe judeu Juddah Ben-Hur vai servindo como catalisador das mudanças pelas quais o protagonista passa. Mas sentiu a pressão à medida que a cena da crucificação se aproximava. “Dois dias antes, tive uma crise. Comecei a tentar entender os significados de tudo que Jesus disse, minha cabeça começou a dar um nó, fiquei muito ansioso. Eu disse para a produtora: ‘Não sei como fazer a cena da crucificação. Tem mil maneiras de fazer – mas é Jesus’.”
Fazer “de dentro” foi o conselho que Santoro ouviu da produtora Roma Downey – e a sugestão de simplicidade rende uma cena belíssima. Foi até mais fácil do que parecia, diz Santoro na entrevista que você vê aqui em vídeo: depois de seis horas de concentração para a maquiagem, o ator passou o dia inteiro preso à cruz, praticamente nu, sob temperaturas enregelantes. “Eu nem sentia mais meu corpo de tanto frio. Acho que entrei em alfa, num estado transcendente, e consegui não escutar aqueles ruídos mentais.”
Santoro fala aqui um pouquinho também do seu papel – um “caubói apocalíptico”, nas suas palavras – na série da HBO Westworld, que estreia em 2 de outubro e é produzida por J.J. Abrams e Jonathan Nolan (o irmão de Christopher Nolan). E repare como ele está elegante de terno de verão casca-de-ovo e um discretíssimo lenço na lapela.
Veja aqui a entrevista com o ator Jack Huston