Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Filme ‘Moonfall’ abusa do direito à bobagem — e passa vergonha

Nova super-produção do diretor Roland Emmerich, o mesmo de 'Independence Day', imagina um fim do mundo em que a Lua cairá sobre a Terra

Por Isabela Boscov 3 fev 2022, 15h31
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Um fenômeno ainda não compreendido está alterando a órbita da Lua e fazendo com que ela se aproxime rapidamente da Terra: dentro de dias, a gravidade terrestre deve despedaçar o satélite, que choverá, aos pedaços (e bote-se pedaço nisso), sobre a superfície do planeta, destruindo-o – ou destruindo aquilo que já não estiver destruído pelas marés que começam a atingir dezenas de metros, a intensificação da atividade vulcânica e outros eventos cataclísmicos. Bem que o professor KC Houseman tentou avisar a Nasa do estranho – ou lunático – comportamento lunar. Mas, claro, ninguém deu ouvidos ao nerd rechonchudo e afeito a teorias extravagantes, que o inglês John Bradley, em seu primeiro papel de destaque desde o Samwell Tarly de Game of Thrones, interpreta com ar de quem sabe que se lascou, mas agora é tarde e o jeito é ir em frente.

    Não é improvável que parte da plateia, ao menos, se solidarize com os sentimentos de Bradley e do restante do elenco. Filmes-catástrofe são aquele programa que pode ser bom até quando é ruim: o espectador ajusta as expectativas sobre lógica, coerência e rigor científico – e sobre a qualidade da dramaturgia – para se divertir com as cenas espetaculosas de hecatombes variadas ou combinadas, até o desfecho em que, invariavelmente, algum dos protagonistas encontra uma solução para a devastação planetária e todos se cumprimentam, felizes, apesar das escoriações. Mas o Moonfall: Ameaça Lunar do diretor Roland Emmerich, já em cartaz nos cinemas, abusa do direito à bobagem e também de outro direito ainda, o de repetir uma fórmula já muito surrada e, em boa parte, inventada pelo próprio diretor em Independence Day, e lá se vai um quarto de século.

    A sequência de abertura, por exemplo, é um decalque descarado (e barateado) do início do Gravidade de Alfonso Cuarón; o truque do astronauta – preencha com a profissão da ocasião – caído em desgraça (Patrick Wilson) que tem de acertar as diferenças com uma ex-colega e ex-amiga (Halle Berry) para salvar a humanidade está rodando por aí desde que o mundo é mundo, ou que a Lua é Lua. Estaria mais do que na hora, também, de declarar moratória ao nerd com sobrepeso como alívio cômico, mas Moonfall não só insiste nele como o combina a outra figura obrigatória, a do cientista que é desacreditado por profetizar uma desgraça que já está em vias de acontecer. E, óbvio, não poderia faltar o draminha familiar preferido de nove entre dez filmes-catástrofe, o do pai divorciado que, graças à tragédia (o “graças” é por conta do roteiro) se reaproxima do filho (Charlie Plummer). 

    A verdade é que todos esses clichês são facilmente perdoados quando as cenas de ação e destruição impressionam – aqui elas não passam do regular – e quando o filme proporciona alguma diversão de fato, o que Emmerich soube oferecer em boa quantidade em Independence Day e em O Dia Depois de Amanhã, que tinha ótimas sacadas e, surpresa, não se saía mal na ciência (soa contra-intuitivo mas, sim, a elevação da temperatura global pode em tese levar a frios muito mais severos no hemisfério Norte. Assunto para outra hora). Aqui, porém, a explicação para o desabamento da Lua é um vexame que, não se bastando em si mesmo, serve de pretexto para um casamento entre Star Wars – Uma Nova Esperança e 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Fãs de um e de outro certamente têm objeções a que essa união se realize – ainda mais assim, com noivos que mal sabem o nome um do outro e vão, bêbados, trocar alianças de plástico em alguma capela de Las Vegas.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.