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“Liga da Justiça”: DC enxuga o peso para brigar com a Marvel

Aventura que inaugura a reunião dos super-heróis do universo DC é compacta e eficiente. Mas ainda falta um certo brilho

Por Isabela Boscov Atualizado em 17 nov 2017, 10h00 - Publicado em 17 nov 2017, 10h00
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  • Os fãs de super-heróis deveriam levantar as mãos para o céu em agradecimento por Mulher-Maravilha: sem ele, é provável que o universo DC continuasse rodando em círculos por tempo indeterminado. Mas o filme tão caloroso e afinado entregue pela diretora Patti Jenkins em junho deu à coligação DC-Warner o impulso necessário para alterar sua trajetória. O resultado se vê neste Liga da Justiça, que, ainda que não seja arrebatador, é tão mais equilibrado e acertado do que O Homem de Aço ou Batman vs Superman que dá gosto: isto, sim, é progresso real. Parte do crédito cabe aos roteiristas Chis Terrio (ganhador do Oscar por Argo) e Joss Whedon (ex-general de brigada dos Vingadores da Marvel), pela habilidade com que reúnem os super-heróis da Liga em uma trama direta e consistente, e também pela faxina impiedosa que fazem no universo de cada personagem, jogando fora tudo que seja penduricalho e informação desnecessária. Outra parte do mérito vai, com honras, para o elenco. Ben Affleck e Gal Gadot não são surpresa, mas ambos aprimoram seu ataque ao Batman (cansado e dolorido, mas determinado a cumprir suas obrigações) e à Mulher-Maravilha (a moderadora entre tantos super-heróis em discórdia). Nas apostas que ainda estavam por se confirmar, porém, o saldo é ótimo, com o Aquaman heavy metal de Jason Momoa e o The Flash medroso e excitável de Ezra Miller – o destaque do elenco. Na coluna do meio ficam o Ciborgue de Ray Fisher, que demora a encontrar um timbre (mas afinal o encontra), e também Henry Cavill, que, na volta do Super-Homem à vida (só ele tem poder suficiente para enfrentar o vilão Lobo da Estepe), vacila um bocado antes de se reacomodar no personagem. Em que pesem essas variações, o fundamental neste caso é que eles funcionam bem juntos, e a soma deles é maior do que as partes.

    Liga da Justiça
    (Warner/Divulgação)

    Essa sensação de que tudo no filme caminha na mesma direção, acumulando-se e multiplicando-se, é a verdadeira diferença entre Liga da Justiça e O Homem de Aço e Batman Vs Superman. Ela se explica, parcialmente, em razão de uma tragédia: a certa altura, o diretor Zack Snyder teve de se afastar do projeto; sua filha de 20 anos cometeu suicídio, e tornou-se impossível para ele continuar o trabalho. É a pior coisa que pode acontecer a alguém na vida, e lamento sinceramente que Snyder tenha cedido a vez a um outro diretor de maneira tão terrível. Embora só ele conste dos créditos, a parte final das filmagens ficou sob o comando de Joss Whedon – que, se não é um cineasta de grande talento, é com certeza eficiente, e ajudou a puxar as rédeas da produção. Os roteiros de Chris Terrio (o de Batman vs Superman também era dele) pedem restrição e concentração, que são atributos opostos aos de Snyder, mais afeito a surtos de ação que deslocam o centro da trama. Desta vez, finalmente, o roteiro, a direção e a montagem trabalham sincronizados, incrementando-se uns aos outros. Note, inclusive, que o filme que você vai ver no cinema é muito mais compacto do que aquele que foi prometido nos trailers. Ainda falta brilho, é verdade, e falta algo de mais pessoal. Por exemplo, um vilão que não seja de computação gráfica e já não venha com todos os poderes do universo. E, principalmente, uma modulação do tom de cada filme em acordo com seu personagem – algo com que Mulher Maravilha acenou na direção de Patti Jenkins, e que é, afinal, o grande trunfo da Marvel. The Batman, pelo menos, estará a cargo de Matt Reeves, que fez de Planeta dos Macacos: A Guerra um tremendo acerto. Mas o próximo projeto do Super-Homem ainda não tem um diretor definido, e Zack Snyder deve retornar à ativa para a continuação de Liga da Justiça. Não creio que seja uma boa ideia. Está na hora de a DC aumentar o seu plantel de cineastas e se arriscar na busca de profissionais que, em vez de cumprir uma visão geral, ajudem a renová-la com ideias próprias. É só olhar para Patti Jenkins mesmo, e para o que o neozelandês Taika Waititi fez com Thor: Ragnarok para verificar que os benefícios superam em muito os riscos.


    Trailer

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    LIGA DA JUSTIÇA
    (Justice League)
    Estados Unidos, 2017
    Direção: Zack Snyder
    Com Ben Affleck, Gal Gadot, Henry Cavill, Jason Momoa, Ezra Miller, Ray Fisher, Amy Adams, Jeremy Irons, Diane Lane, J.K. Simmons, Joe Morton, Connie Nielsen, Ciarán Hinds
    Distribuição: Warner

     

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