Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

“O Hospedeiro”, o ataque do bagressauro

Uma criatura monstruosa surge das águas para apavorar Seul - e deixar no chinelo os similares americanos

Por Isabela Boscov Atualizado em 31 out 2017, 16h40 - Publicado em 16 Maio 2007, 18h41
  • Seguir materia Seguindo materia
  • De uma base militar americana em Seul, galões e galões de formol são despejados no Rio Han, que corta a cidade. Uns poucos anos depois, vê-se o resultado da imprudência: uma criatura gigantesca, a meio caminho entre um bagre e um dinossauro, emerge das águas do Han e vai para cima da multidão. Numa seqüência espetacular, Gang-Du (o grande ator Kang-ho Song) apanha pela mão sua filha, sai correndo, perde a menina, a recupera e então — desastre — se dá conta de que pegou a mão errada: a pequena Hyun-seo ficou para trás, apenas para ser enlaçada pela cauda do monstro e mergulhar com ele no Han. Gang-Du, que cuida de uma barraca de lanches, acabou assim de confirmar o veredicto familiar de que é um inútil. E, enquanto acompanha a saga desesperada do protagonista para reaver sua filha, O Hospedeiro vai ratificando um outro veredicto: o de que o cinema sul-coreano é hoje um dos mais surpreendentes e estimulantes do mundo.

    O Hospedeiro
    (Imagem Filmes/Divulgação)

    O Hospedeiro é uma criação do diretor Joon-ho Bong, do também excelente Memórias de um Assassino. Feito com orçamento baixo até para os padrões coreanos, de 10 milhões de dólares, é perfeitamente gratificante como “filme de criatura” — gênero que o Japão popularizou nos anos 50 e 60, com Godzilla e Mothra — A Mariposa Assassina, mas que desde o americano O Ataque dos Vermes Malditos, de 1990, não produzia um único exemplar satisfatório. Os 10 milhões de Bong bastaram para comprar os ótimos efeitos da Orphanage, o ateliê do momento para cineastas de sensibilidade “alternativa” — e a maneira como o monstro se move pelas pontes e esgotos é verdadeiramente uma coisa de pesadelo. Em locações, Bong não teve de gastar nada: Seul, cinza e desolada, está toda à disposição da família de Hyun-seo, que, contra todas as evidências, tem certeza de que a menina ainda está viva.

    O Hospedeiro
    (Imagem Filmes/Divulgação)

    Bong, porém, é bem mais do que um artesão; é um cineasta com estilo e propósitos. Como quase todos os outros de sua geração, ele infunde seus filmes com um sentimento de profunda traição por o seu ser um país dividido. Essa é, de certa forma, a aberração que o monstro representa, e essa é também a devastação que ele provoca: famílias dilaceradas, autoridades corruptas e — esse o tema constante de Bong — a impossibilidade de proteger os inocentes de horrores que sempre podem estar por vir. Na última cena de O Hospedeiro, passada a crise, Gang-Du vive um momento idílico de intimidade familiar: em sua barraca à beira do rio, a comida está na mesa, o fogareiro está aceso e tudo é paz. Então a câmera se afasta. A barraca, tão aconchegante por dentro, por fora está cercada de neve e de escuridão. E de sabe-se lá qual outra ameaça.

    Continua após a publicidade
    Isabela Boscov
    Publicado originalmente na revista VEJA no dia 16/05/2007
    Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
    © Abril Comunicações S.A., 2007

    Trailer

    Continua após a publicidade

    O Hospedeiro
    (Gwoemul)
    Coreia do Sul, 2006
    Direção: Joon-ho Bong
    Com Kang-ho Song, Doo-na Bae, Hie-bong Byeon

     

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.