Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Visceral, filme ‘O Tigre Branco’ tem tudo para ser ‘Parasita’ de 2021

No longa, o protagonista — um indiano miserável mas ambicioso — sorri até nas piores horas. Não se trata de alegria: é para esconder a fúria e sobreviver

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 14h15 - Publicado em 22 jan 2021, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ao longo de quase todos os 125 minutos de O Tigre Branco (The White Tiger, Índia/Estados Unidos, 2021), já na Netflix, Balram (o estupendo Adarsh Gourav) mantém um sorriso carimbado no rosto. Nada a ver com alegria; é subserviência posta a serviço da sobrevivência. Rapaz paupérrimo de um vilarejo miserável no norte da Índia, Balram é explorado pela avó até o osso, como seu pai o foi antes dele. Para escapar dali, sua única chance é colar-se a Cegonha (Mahesh Manjrekar), o gângster/empresário da área. Balram premedita seu crime de traição familiar: dá um jeito de financiar as aulas da autoescola e a ida para a capital, Nova Délhi, onde, às portas da mansão de Cegonha, se oferece como motorista.

    + Compre o Livro O Tigre Branco, de Aravind Adiga

    Ashok (Rajkummar Rao), o filho de Cegonha educado nos Estados Unidos, vai com a cara do rapaz humilde e solícito. Sentindo-se magnânimo (no estrangeiro, ele aprendeu a desprezar o sistema de castas), decide que o novato vai dirigir para ele e sua mulher, Pinky Madam (Priyanka Chopra), indiana criada em Nova Jersey que acredita estar por ali só de visita. Ashok e Pinky insistem que o empregado os trate de igual para igual — ele não cai nessa — e encorajam nele noções de igualdade. Certa noite, porém, uma catástrofe acontece, e ninguém pensa duas vezes: Balram é que há de pagar o pato. Enquanto se encaminha para o abate, ele faz o que sabe fazer: sorri, para defletir a ira dos poderosos, esconder o sangue nos olhos e a perplexidade por constatar o que já sabia — que não tem o menor valor para essas pessoas — e para ganhar tempo para virar o jogo, ao preço que for.

    + Compre o Livro Entre Assassinatos, de Aravind Adiga

    Se sorri por fora, por dentro Balram fervilha sempre de inteligência e mordacidade, e de amor e ódio — não são simples as relações de servitude. Sabe-se que de alguma forma ele mudou seu destino: a narração que acompanha sua trajetória é o texto de uma carta que ele está escrevendo a um ministro chinês que vai visitar a Índia. Adaptado do romance do indo-­australiano Aravind Adiga, ganhador do prestigiadíssimo prêmio Man Booker, e dirigido pelo americano de origem iraniana Ramin Bahrani, do igualmente febril 99 Casas (também disponível na Netflix), O Tigre Branco é verdadeiramente notável. Aos 45 anos, Bahrani tem uma carreira enxuta mas merecedora de distinção, pela agudeza com que disseca as facetas do desespero econômico e social e pela intensidade dos seus trabalhos. Não há muito exagero em dizer que seu O Tigre Branco é o Parasita deste ano — cinema virtuosístico, visceral e original em partes iguais. Como diz Balram na carta ao ministro, “chegou a vez dos amarelos e dos marrons”.

    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 27 de janeiro de 2021, edição nº 2722

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Continua após a publicidade
    ‘Pam & Tommy’: um escândalo real com sexo, intrigas e videotape‘Pam & Tommy’: um escândalo real com sexo, intrigas e videotape
    O Tigre Branco, de Aravind Adiga
    ‘Pam & Tommy’: um escândalo real com sexo, intrigas e videotape‘Pam & Tommy’: um escândalo real com sexo, intrigas e videotape
    Continua após a publicidade

    Entre Assassinatos, de Aravind Adiga

    logo-veja-amazon-loja
    Continua após a publicidade

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.