Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel

A agente Natasha Romanoff passou de enfeite a protagonista verdadeira graças à atriz. Filme faz jus a ela — e encontra em Florence Pugh sucessora à altura

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 13h31 - Publicado em 2 jul 2021, 06h00

Não existe família perfeita, mas a de Natasha Romanoff vai além: nem família de verdade ela é — exceto no particular de haver nela uma tal quantidade de erros cometidos e de mágoa represada que só uma família mesmo poderia acumular. Nem Melina (Rachel Weisz) é mãe nem Alexei (David Harbour) é pai; são ambos agentes independentes de uma organização russa que opera nas sombras. Da mesma forma, nem a pequena Yelena nem a pré-adolescente Natasha são filhas de quem quer que seja; uma é órfã, a outra foi vendida ao Estado. Mas, nos três anos em que essa célula secreta permaneceu em Ohio, no interior americano, a obrigação de manter a fachada resultou em um arremedo convincente de vida familiar. A ilusão, porém, acaba de forma abrupta. Alexei foi desmascarado e, ao fim da fuga desesperada para Cuba, os véus caem de vez. Natasha implora para não ser mandada de volta à Sala Vermelha do general Dreykov (Ray Winstone), onde retomará o treinamento de “viúva negra”, ou assassina a serviço do governo, mas nem os “pais” a ajudam nem ela consegue salvar a si ou a Yelena. Passadas décadas, tendo já há tempo desertado e se juntado aos Vingadores, Natasha continua a acreditar que pai, mãe e irmã provavelmente estão mortos. Até que chega a ela um sinal que só pode ter vindo de Yelena — e o passado do qual ela nunca falou retorna de forma avassaladora em Viúva Negra (Black Widow, Estados Unidos, 2021), a partir de sexta-feira 9 em cartaz nos cinemas e disponível também na Disney+.

+ Compre o livro Viúva Negra – Vermelho Eterno

Primeiro apresentada em Homem de Ferro 2 (2010) como não muito mais que um ornamento, Natasha Romanoff cresceu em importância no Universo Cinematográfico Marvel (ou MCU, na sigla em inglês) por força dos tempos e da interpretação de Scarlett Johansson, que a fez decidida, grave até no senso de humor e com uma sugestão indefinível, mas marcante, de arrependimento e tristeza. Sua morte em Vingadores: Ultimato (2019) foi talvez a mais pungente de todas, pelo ato de sacrifício em que ela se deu e por acenar com algo mais — um alívio, ou até uma libertação. Passado no rescaldo dos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016), Viúva Negra vai deslindando do que, exatamente, Natasha poderia desejar libertar-se. À medida que a história de Yelena (a maravilhosa Florence Pugh), Melina e Alexei se vai expandindo, vê-se que Dreykov aperfeiçoou as técnicas de subjugação da vontade alheia para bem além da lavagem cerebral costumeira, valendo-se de um recurso que, como ele mesmo diz, é abundante: meninas e jovens mulheres desprezadas, abandonadas, deixadas à margem ou subestimadas.

+ Compre o box de livros Vingadores: Todos querem dominar o mundo

Se na estrutura Viúva Negra é um thriller de espionagem — e muito ágil —, na essência ele é um drama cujo empuxo é palpável desde as primeiras cenas: crianças amam de maneira irremediável e sentem o abandono de modo insuperável e, assim como na infância é feroz o instinto de Natasha em proteger Yelena, na idade adulta Yelena ainda ferve de indignação por Natasha tê-­la deixado para trás — por menos razoável que seja a ideia de que uma menina tão pequena pudesse salvar outra menor ainda. Excelentes na maneira como colaboram entre si, Johansson e Pugh fazem da cena do reencontro das irmãs um combate que é ao mesmo tempo físico e psicanalítico: regridem até o momento em que se separaram, exorcizam as questões mais urgentes e chegam juntas até um ponto a partir do qual talvez possam avançar.

LAÇOS DE FAMÍLIA - David Harbour com Johansson e Pugh: até os pais e as filhas de mentira têm problemas de verdade -
LAÇOS DE FAMÍLIA - David Harbour com Johansson e Pugh: até os pais e as filhas de mentira têm problemas de verdade – (Jay Maidment/Marvel Studios/.)
Continua após a publicidade

Creditem-se a solidez e a veracidade dessa base na conta da diretora australiana Cate Shortland, do fenomenal Lore (2012), sobre a filha adolescente de um comandante nazista que conduz os irmãos menores em uma fuga conforme os Aliados adentram o território alemão, e do perturbador A Síndrome de Berlim (2017), sobre uma turista que é feita prisioneira pelo rapaz alemão com quem passou uma noite. Shortland é uma mestra em cunhar imagens altamente subjetivas, de enquadramentos fugidios, que parecem resultar do olhar de uma pessoa mais do que de uma câmera. É surpreendente não só à medida que seu estilo sobrevive em Viúva Negra, como de fato alimenta o filme e redobra o impacto das cenas de ação estupendamente coreografadas.

+ Compre o DVD de Vingadores: Ultimato

Buscar diretores em nichos inusitados e então aproveitar ao máximo os talentos específicos de cada um deles — em vez de diluí-los, como seria mais costumeiro no segmento da superprodução — é um ponto-chave no plano da Marvel. Entre os 24 filmes e o punhado de séries do MCU lançados até aqui, Viúva Negra é um dos que melhor ilustram o potencial de êxito dessa tática: a confiança mal ou bem depositada pelas mulheres em figuras masculinas é central no trabalho de Shortland — assim como a extensão em que elas se deixam nortear pelos homens, ou assumem as ideias deles e incorporam seus pontos de vista. Daí a qualidade instável, ou até arisca, das imagens que ela cria; suas personagens estão tateando em um mundo que repentinamente se apresenta por outro ângulo e vem cheio de dúvida e de incerteza. No MCU, porém, nada termina e tudo continua. Se Natasha Romanoff/Scarlett Johansson ganham aqui a despedida que mereciam, Yelena Belova/Florence Pugh já estão a postos, de olhos bem abertos, pés pisando firme e cara de que podem com tudo e qualquer um.

Disney+ | Assine e tenha acesso exclusivo a conteúdos exclusivos da Disney, Pixar, Marvel e muito mais!

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 7 de julho de 2021, edição nº 2745

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel
Viúva Negra – Vermelho Eterno
Continua após a publicidade
‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel
Vingadores: Todos querem dominar o mundo
‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel‘Viúva Negra’ confirma força de Scarlett Johansson e da heroína da Marvel
Vingadores: Ultimato
Continua após a publicidade
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.