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José Casado

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Informação e análise

À sombra de Lula

Está em curso no governo e no PT uma disputa fratricida: Haddad x Rui Costa

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2025, 15h38 - Publicado em 7 fev 2025, 06h00

Fernando Haddad começou o ano em destaque na galeria dos políticos brasileiros mais rejeitados. A maioria dos eleitores (56%) declara que não votaria nele se fosse candidato a presidente. Supera uma dúzia de possíveis candidatos à disputa de 2026 na lista submetida pelo instituto Quaest a 4 500 entrevistados em todas as regiões, na última semana de janeiro. Ganha de Jair Bolsonaro (53% de rejeição) e do seu filho deputado, Eduardo (55%); do ex-candidato presidencial Ciro Gomes (52%); do popular cantor sertanejo Gusttavo Lima (50%); e, também, do seu chefe, Lula (49%).

No Congresso, há quem atribua o desgaste de Haddad aos infortúnios do cargo na Fazenda. Argumenta-­se, com benevolência, sobre a sua permanente exposição pública num governo viciado em amplificar as crises que cria ou administra. Há lógica na tese, mas, vale lembrar, onde hoje está Haddad esteve Fernando Henrique Cardoso no ciclo de superinflação, com Lula na oposição e em campanha presidencial. Ele foi o quarto ministro da Fazenda no curto governo de Itamar Franco (1993-1994), atravessou dez meses negociando na Câmara e no Senado a aprovação do Plano Real, saiu candidato e se elegeu presidente por dois mandatos — com dupla vitória sobre Lula logo no primeiro turno.

Culpar a cadeira do ministro da Fazenda é como responsabilizar a janela pela paisagem de comida cara e pouco dinheiro no bolso dos brasileiros. Na cidade de São Paulo, onde vivem 9 milhões de eleitores, comprar uma cesta básica de alimentos na virada do ano significava gastar 64% de um salário mínimo líquido (descontados os tributos), segundo o Dieese.

O cenário pode piorar, porque os juros mais altos do planeta prenunciam declínio na produção e empregos nas contas do Banco Central para os meses adiante. Isso num ambiente de crescente insegurança pública e efeitos imprevisíveis das mudanças climáticas. Essa é a dimensão do problema do governo e do Partido dos Trabalhadores na temporada eleitoral de 2026.

“Está em curso no governo e no PT uma disputa fratricida: Haddad x Rui Costa”

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A campanha já começou, avisou Lula, em preparação para a sétima disputa presidencial em três décadas e meia. Não será fácil, sugerem as pesquisas. Metade do eleitorado declara reprovar sua administração e diz que não votaria nele, mas ainda não encontrou candidato com o qual se identifique e em que se disponha a votar. Em 2022, Lula ganhou a eleição por diferença mínima (1,8 ponto percentual do total).

O governo e o PT chegaram ao meio do mandato ancorados na apatia. Talvez seja reflexo da permanência de velhas ideias para os problemas nacionais no novo mundo em que o Brasil reluz em retrocesso. O país voltou à posição de exportador de produtos primários que mantinha 100 anos atrás, enquanto metade das fábricas remanescentes do ciclo de industrialização enfrenta dificuldades para contratar pessoal qualificado, por causa do sistema educacional extremamente precário.

No centro do governo e na cúpula do partido a rotina é atribuir aos outros os próprios erros. O alvo predileto, atualmente, é o ministro da Fazenda. Mas se Haddad hoje é visto como um ministro fraco, é porque foi estimulado, depois desidratado e agora tem o horizonte limitado por decisões exclusivas de Lula, como na mais recente: “Se depender de mim, não tem outra medida fiscal”. Numa crítica tão sutil quanto ferina, Gilberto Kassab, presidente do PSD, comparou Lula a Dilma Rousseff numa reunião de empresários, lembrando: “A presidente não foi bem porque ela queria comandar a economia”.

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Haddad tem sido vencido sucessivamente na mesa de decisões presidenciais. Hugo Motta, novo presidente da Câmara, atribui isso às “dificuldades de entendimento” dentro do Planalto. Elas não apenas existem como estão avançando na fritura pública do ministro da Fazenda. Exemplo: na sessão legislativa do sábado passado, quando Motta foi eleito, assessores da Casa Civil discutiam abertamente com deputados do Centrão a “necessidade de tirar Haddad” o mais rápido possível.

Está em curso no governo e no PT uma disputa renhida entre o ministro da Fazenda e o chefe da Casa Civil, Rui Costa. Ela ocorre à sombra e sob o patrocínio de Lula. É parte de um processo de autofagia, no qual líderes petistas se consomem em embates encarniçados e fratricidas há pelo menos duas décadas, desde a crise do mensalão. Sem projeto, sem bússola e sem rumo, se reduzem ao papel de gerentes temporários do mais antigo país do futuro.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930

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