A trapaça para manter filho de Bolsonaro como ‘fantasma’ na Câmara
Partido Liberal anunciou Eduardo Bolsonaro como novo líder do bloco da minoria na Câmara. Ele se tornou um tipo novo de pária na política brasileira

O Partido Liberal anunciou um dos filhos parlamentares de Jair Bolsonaro como novo líder do bloco da minoria na Câmara dos Deputados.
É uma situação esdrúxula. Em março, o deputado Eduardo Bolsonaro mudou-se para os Estados Unidos. Desde então, se dedica a uma atividade de lobby contra os interesses do Brasil junto ao governo americano.
Não renunciou ao mandado. Esteve em licença por quatro meses e formalizou o retorno ao serviço público em 20 de julho.
A Câmara não informa se voltou a pagar-lhe o salário de R$ 46.366, equivalente a trinta salários-mínimos mensais.
Pelas regras, ele não pode ser remunerado por excesso de faltas ao trabalho. Só compareceu à Câmara por 13 dias neste ano, embora já tenham sido realizadas 184 sessões legislativas.
Não há clareza sobre salários pagos neste ano, mas a Câmara confirma um gasto acumulado de R$ 1 milhão de janeiro a agosto com a manutenção do gabinete parlamentar onde emprega nove pessoas.
Aos 41 anos, Eduardo Bolsonaro se tornou um tipo novo de pária na política brasileira e, também, uma espécie de servidor fantasma na folha do Congresso Nacional.
Eleito com 741 mil votos paulistas em 2022 (69% a menos que na eleição anterior), mudou de país, mas não renuncia ao mandato, salário, gabinete e mordomias custeadas com dinheiro público.
A nomeação feita pelo Partido Liberal para a função de líder da minoria é trapaça com o objetivo de evitar a perda do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro pelo mais prosaico dos motivos legais: ele parou de trabalhar.
É caso único de parlamentar que, em pleno mandato, trocou a defesa dos interesses dos eleitores pela oposição aos interesses do próprio país.
O novo líder do bloco da minoria indicado pelo Partido Liberal é o autoproclamado colaborador de um governo estrangeiro que diariamente reafirma a sua hostilidade ao Brasil.