O cemitério nacional de obras públicas cresce e custa mais caro a cada ano. O governo federal gasta cada vez mais com obras paralisadas.
Em 2020, investiu R$ 76 bilhões em obras nas principais cidades. Neste ano o gasto vai a R$ 114 bilhões. No triênio, a despesa aumentou 50%.
A proporção de obras federais paralisadas, no entanto, aumentou muito nesse período. Em 2020, eram 29%, agora são 41% dos projetos iniciados, de acordo com o censo realizado pelo Tribunal de Contas da União.
O governo Jair Bolsonaro é responsável pelo quadro de “fragmentação e insuficiência” na gestão, segundo o TCU, que levou à multiplicação do desperdício de dinheiro público em obras paradas. E o governo Lula está terminando seu primeiro ano em situação similar.
O segmento mais prejudicado é o da educação básica, com 3.580 obras interrompidas. Segue-se o setor de transporte urbano com 1.854 empreendimentos parados. Contam-se, ainda, 318 projetos inacabados na área de saúde nos últimos três anos.
No conjunto, são 8,6 mil obras paralisadas entre 21 mil empreendimentos financiados com recursos federais em todo o país. Há casos de projetos parados que remontam ao primeiro governo Lula, no início do milênio.
Fiscais do TCU vasculharam arquivos, analisaram processos de decisão e entrevistaram gestores da Casa Civil da Presidência e de vários ministérios, entre eles Educação e Saúde.
Chegaram à conclusão de que o governo “desconhece quais obras são prioritárias e quais devem ser retomadas”.
Constataram, também, que não existem normas sobre como a burocracia federal deve agir e quais critérios devem adotar nos gastos com obras suspensas.
O governo não sabe o que fazer para retomar antigos projetos interrompidos, nem como evitar que os novos acabem nesse cemitério nacional de obras paradas.