O ministro Paulo Guedes não gostou do panorama apresentado pelo IBGE sobre o desemprego no país. Acha que o instituto está na idade da pedra lascada, etc.
É possível, pois o instituto opera há tempos com orçamento comprimido. Até precisou cancelar o Censo decenal marcado para este mês por falta de dinheiro — os recursos acabaram compondo o bilionário pacote de emendas parlamentares acertado por Jair Bolsonaro com partidos do Centrão. O Censo deve acontecer no próximo ano, às vésperas das eleições, por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Metodologias de pesquisas são sempre passíveis de contestação. Há quem ache, por exemplo, que a forma mais precisa de se dimensionar o desemprego no Brasil, hoje, estaria na soma da categoria dos “desocupados” com a dos “desalentados”. Se fosse o caso, o número atual de desempregados seria de 20,5 milhões, e a taxa de desemprego estaria em 20,1%.
No governo, porém, há planos para eventual fusão do IBGE com o Ipea, dedicado a pesquisas de outra natureza, e frações do antigo Ministério do Planejamento, diluídas nas secretarias da Economia.
Mudanças mais abrangentes na estrutura de ministérios e órgãos governamentais têm sido debatidas, também, no Congresso. Exemplo: líderes do Centrão acham importante chegar à temporada eleitoral de 2022 com o controle efetivo da execução do Orçamento. Planejam avançar em negociações com Bolsonaro para assumir o controle da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), hoje abrigada no Ministério da Economia.