Aos 40 anos, a Central Única dos Trabalhadores tenta se reinventar. Convocou reunião de dirigentes de dois mil sindicatos filiados para uma reunião até domingo (22/10), em São Paulo, com o objetivo de encontrar saídas para a crise de representatividade sindical.
Principal central trabalhista brasileira, a CUT se mantém fiel à origem, em agosto de 1983, vinculada ao Partido dos Trabalhadores. No entanto, se vê ameaçada pela fragmentação da organização sindical, consequência de mudanças estruturais no mercado de trabalho.
A representatividade está em declínio constante. No Brasil de quatro décadas atrás, a filiação sindical abrangia um terço dos empregados com carteira assinada, na média nacional. Agora, a base sindicalizada está restrita a 10% dos trabalhadores com carteira assinada.
Os sindicatos representam, basicamente, assalariados do mercado formal e não têm conseguido avançar entre os trabalhadores informais, que compõem dois terços da mão de obra em atividade.
As 13 centrais trabalhistas reconhecidas pelo governo agrupam cerca de doze mil sindicatos — cerca de três mil são do setor público e têm influência decisiva na condução do movimento sindical.
A CUT teme pulverização. Em documento interno, reconhece que a situação no Congresso é “desfavorável” e “aumenta o risco de forças neoliberais, posicionadas do centro até a extrema-direita” aprovarem leis que facilitem a organização de sindicatos por empresa e consolidem a “prevalência” de acordos trabalhistas individuais e por empresas em relação às tradicionais convenções coletivas.
Numa autocrítica, sugere aos dirigentes “repensar ações”, porque as entidades permanecem “pouco ou nada atrativas” tanto para mulheres quanto para os jovens.
O mundo do trabalho mudou, mas, segundo a CUT, os sindicatos continuam à margem das questões trabalhistas de interesse específico das mulheres. “O machismo persiste”, reconhece.