Dúvida em Brasília sobre o futuro da Argentina com Milei ou Massa
Incertezas correspondem ao tamanho da encrenca que 35 milhões de argentinos têm para resolver com o futuro governo, depois da viagem às urnas no domingo
É impossível prever o que vai acontecer na Argentina a partir da noite de domingo, quando será conhecido o vencedor da disputa presidencial. Sobram dúvidas em Brasília, no governo e no Congresso. Dois exemplos:
1) O deputado de extrema-direita Javier Milei, conhecido como “El Loco”, terminaria o mandato?
2) O peronista Sergio Massa, ministro da Economia responsável pela superinflação (190%) dos últimos 14 meses, conseguiria governar?
O grau de incerteza corresponde ao tamanho da encrenca política que 35 milhões de argentinos têm para resolver, depois da viagem às urnas, com o governo que toma posse em outro domingo, dia 10 de dezembro.
Até lá, haverá uma transição de alto risco sob uma inflação acelerada desde 2019 no governo dos peronistas Alberto Fernández e Cristina Kirchner — na média, os preços nesse período subiram mais de 800% pela métrica oficial.
O histórico argentino sugere que já seria uma vitória caso o trôpego governo Fernández-Kirchner chegue ao final do mandato nas poucas semanas que lhe restam. No final de 2001, a Argentina teve cinco presidentes em apenas onze dias de uma crise social incendiada pela hiperinflação.
A Argentina é o único lugar que importa no qual o Brasil é importante, costuma dizer o diplomata Marcos Azambuja, ex-embaixador em Buenos Aires. Percebe-se em Brasília uma convergência do governo e do Congresso na torcida para que não ocorra uma implosão no país vizinho. Entende-se que contribuir para evitá-la, se possível, é do interesse nacional.
O governo Lula vai além. Fez aposta múltipla: torce pela vitória do ministro Massa contra o deputado Milei, pela permanência de Alberto Fernández na cena política e pela sobrevivência judicial de Cristina Kirchner, ameaçada de prisão em vários processos por corrupção.