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Fortuna política

Bolsonaro saiu das crises que inventou no governo como um novo milionário

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jul 2024, 02h53 - Publicado em 12 jul 2024, 06h00
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  • Jair Bolsonaro está imobilizado no túnel do tempo: a glória eleitoral de ontem já se foi, e o renascimento nas urnas de amanhã talvez nunca venha — se depender de órgãos judiciários do Brasil e dos Estados Unidos.

    Um dos aspectos mais relevantes do inquérito sobre o caso das joias das arábias é a discreta parceria entre agências policiais dos dois países. É coisa antiga. Foi azeitada na última década durante a investigação de crimes de corrupção expostos na Lava-Jato e demonizada por Lula e pelo PT como parte de uma conspiração imperialista contra a expansão do capitalismo nativo.

    A Polícia Federal acusou Bolsonaro de ser o principal beneficiário em lavagem de dinheiro nos balcões de joalherias e casas de leilões da Flórida, de Nova York e da Pensilvânia. O FBI tipifica negócios assim como crimes de colarinho-branco, com intenção de encobrir a origem de dinheiro ilícito. Significa que, além das acusações no Brasil, Bolsonaro também está vulnerável a denúncias criminais nos EUA.

    Houve apropriação de propriedade pública, como peças de ouro e diamantes “subtraídas do acervo presidencial” — diz o inquérito recebido pelo Supremo Tribunal Federal. A venda ilícita de alguns objetos rendeu 1,2 milhão de dólares, o equivalente a 6,8 milhões de reais. O lucro retornou “em espécie para o patrimônio do ex-presidente”. Parte do dinheiro vivo, aparentemente, foi usada para pagar a estadia de três meses de Bolsonaro e familiares em Orlando, Flórida, na vizinhança da Disney World, reino do Pateta das histórias em quadrinhos.

    Aos 69 anos, Bolsonaro cultiva a imagem de simplicidade espartana, em contraste com uma enigmática vida de político profissional. Um dos mais recentes e instigantes mistérios da sua biografia é a multiplicação da riqueza à saída do governo.

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    Semanas antes do primeiro turno da eleição presidencial, em agosto de 2022, ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral um patrimônio total de 2,3 milhões de reais — no formulário, exatos 2 317 554,73.

    Por escrito, informou a propriedade de quatro imóveis no Rio de Janeiro (avaliados em 603 000 reais, 400 000 reais, 98 000 reais e 40 000 reais), um apartamento em Brasília (240 000 reais), uma motocicleta (26 000 reais), uma poupança (591 000 reais) e cerca de 300 000 reais em contas bancárias.

    “Bolsonaro saiu das crises que inventou no governo como um novo milionário”

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    Um ano depois da reeleição perdida, em outubro do ano passado, Bolsonaro foi identificado pelo Banco Central como um novo milionário rentista — o BC é presidido por Roberto Campos Neto, que, segundo Lula, participa de imaginária conspiração bolsonarista contra o seu governo.

    Bolsonaro movimentou cerca de 17,7 milhões de reais no primeiro semestre do ano passado, dizem relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Banco Central enviados à CPI da Pandemia. O Coaf produziu na última década milhares de comunicações sobre suspeitas de corrupção na Petrobras, nos governos Lula e Dilma Rousseff, e, também, nos estados — chamou atenção, entre outras coisas, para obscuras transações imobiliárias com dinheiro vivo realizadas a partir de gabinetes do clã Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

    O aumento de aproximadamente 666% na riqueza pessoal de Bolsonaro aconteceu num curto período. Os investimentos milionários em menos de um ano são incoerentes com sua receita mensal de 60 800 reais, assim descrita pela perícia policial no inquérito: 29 400 em salário do partido, 22 600 em aposentadoria de deputado federal e 8 800 do Exército.

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    Na época, Bolsonaro se justificou nas redes sociais. Atribuiu a súbita fortuna à generosidade de pessoas que atenderam ao apelo para, supostamente, ajudá-lo nas despesas com processos judiciais (são mais de 300, alegou em discurso no último fim de semana).

    É uma situação peculiar, porque ele teve e continua tendo respaldo jurídico do Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto. O PL, que maneja cerca de 1 bilhão de reais em recursos públicos, sustenta parte do clã Bolsonaro e auxiliares como o general aposentado Walter Braga Netto, candidato a vice em 2022. O pacote de benefícios de Costa Neto prevê salário, assistência jurídica e apoio logístico (casa, carro, escritório, assessoria, viagens etc.). Tudo pago com o dinheiro dos impostos.

    Bolsonaro saiu das crises que inventou no governo como um afortunado. Baralhou o público com o privado e ficou milionário, com despesas pagas pelos brasileiros até mesmo enquanto, supostamente, delinquia fora das fronteiras nacionais.

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    Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

    Publicado em VEJA de 12 de julho de 2024, edição nº 2901

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