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José Casado

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Informação e análise
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Governo abre o caixa para impulsionar reeleição de Bolsonaro

No Palácio do Planalto, a única conta que importa hoje é a dos votos para a reeleição em outubro

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 fev 2022, 11h02 - Publicado em 21 fev 2022, 08h00
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  • Na manhã da última quinta-feira, o deputado Christino Áureo (PP-RJ) viajava pela estrada que ladeia a cidade de Casimiro de Abreu, no Estado do Rio, quando recebeu uma mensagem do governo. Em minutos, gravou um video e distribuiu por rede social: “Acabei de receber a notícia dada pela ministra Tereza Cristina [da Agricultura], que, mesmo em viagem, fez questão de nos avisar.

    “O Pronaf, Programa Nacional de Agricultura Familiar será reaberto” — acrescentou. “Serão R$ 840 milhões de créditos adicionais para a agricultura familiar. Nos próximos dias vai sair uma portaria do Tesouro Nacional.”

    Parlamentares aliados do governo, têm sido estimulados na batalha por dupla reeleição — a própria e a de Jair Bolsonaro — por notícias novas, diárias, sobre abertura dos cofres federais.

    Áureo, médico veterinário, antigo funcionário do Banco do Brasil, é um político fluminense habituado a ser governo, e pretende continuar assim.

    No fim de semana procurou prefeitos da região Norte do Estado do Rio com orientações precisas sobre o acesso a verbas federais durante a temporada eleitoral.

    Prefeitos precisam mobilizar pessoal, aconselhou, numa “busca ativa” nos cadastros municipais para localizar pessoas que podem receber benefícios sociais.

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    No alvo devem estar famílias com renda domiciliar até meio salário mínimo, com idosos, portadores de deficiência física e mulheres vítimas de violência doméstica. Elas funcionam como multiplicadoras das boas notícias governamentais nas áreas pobres das cidades, especialmente nos cultos religiosos, onde não é difícil encontrar evangelizadores do antipetismo.

    Pela legislação, essas famílias já têm direito a receber até um salário mínimo mensal. A novidade disseminada por parlamentares é que há previsão de pagamento neste ano eleitoral (na vida real, há dois anos o INSS represa pedidos do gênero, fazendo caixa com o dinheiro pendente de 1,8 milhão de pessoas, quase todos pobre, idosos “em vulnerabilidade” e portadores de deficiência permanente.)

    É grande a caixa de surpresas eleitorais que Bolsonaro começou a abrir. Vai além dos R$ 400 mensais do Auxílio Brasil para 18 milhões de famílias sobreviventes na extrema pobreza. Esse dinheiro pode fazer a diferença “entre comer ou não, ser despejado ou conseguir pagar o aluguel”, como diz Guilherme Boulos, aliado de Lula e candidato do Psol ao governo de São Paulo: “Não é pouca coisa em tempos de vacas magras.”

    No Palácio do Planalto projeta-se a campanha de reeleição de Bolsonaro com pleno uso do poder, como ocorre nos governos há 24 anos.

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    Evocar histórias de corrupção e de má gerência nos governos Lula e Dilma Rousseff é parte do cardápio. O complemento é a mobilização de recursos federais em programas sociais,  com foco em públicos específicos.

    Simultaneamente, vai-se contar ao eleitorado uma história sobre “o maior plano assistencial da história do Brasil”, como define o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, senador e presidente licenciado do PP. “Aceitem que dói menos”, tem repetido à oposição, “são 15 anos de bolsa família num único ano, o auxílio assistencial”,

    Em execução, também, está a ideia de enredar opositores numa “união de esforços para garantir comida na mesa”, nas palavras de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Na prática, isso quer dizer provocar um acordo legislativo para redução de tributos sobre gasolina, diesel e gás de cozinha. A negociação já começou, com participação do PT de Lula.

    .
    Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara — (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
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    Se para o consumidor, o resultado final é incerto por causa do contínuo aumento dos preços do petróleo, sobra certeza sobre quem vai pagar a maior parte da fatura: os governos estaduais, na maioria comandados por adversários de Bolsonaro.

    “O barril subiu de menos de US$ 30 para mais US$ 80”, argumentou Lira em redes sociais. “Ou seja, mantendo a alíquota [do ICMS estadual sobre combustíveis, os governadores] arrecadaram quase três vezes mais. É matemática simples.”

    Estão previstas, ainda, iniciativas como:

    * Subsídio à passagens de ônibus grátis para pessoas com mais de 60 anos;

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    * Simplificação de contratos de trabalho direcionada a pessoas com até 29 anos de idade, com foco em jovens da periferia urbana que não estudam e estão fora do mercado de trabalho;

    * Acenos à classe média no Imposto de Renda do próximo ano, com possibilidade de isenção para 10 milhões de contribuintes, e, também, com novos mecanismos de penhora de bens e garantias. Pretende-se facilitar, por exemplo, o uso de um mesmo imóvel familiar como lastro em diferentes operações de financiamento;

    * Renegociação de dívidas de financiamento estudantil, com perdão (92%) e parcelamento do restante (8%) em até 150 meses.

    Há uma série de outras medidas delineadas, programadas em coerência com o calendário eleitoral. Não importam os custos, mesmo numa crise econômica, com desequilíbrio fiscal, inflação, juros e dívida pública em alta. No  governo Bolsonaro, a única conta que importa hoje é a dos votos para a reeleição em outubro.

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