Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Governo não sabe o que fazer com obra bilionária e inacabada há 40 anos

País já enterrou R$ 11 bilhões na usina nuclear de Angra-3, que consumiria mais R$ 17 bilhões. Acaba de fracassar outra tentativa de retomada da obra

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2024, 15h35 - Publicado em 20 jun 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Começou quarenta anos atrás. Já é a mais antiga obra pública paralisada. Sobrou uma imenso canteiro repleto de maquinário antigo, armazéns fechados e estruturas  semiconcluídas compondo um cenário de abandono e desperdício em meio à bela paisagem do litoral de Angra dos Reis (RJ).

    Ali, o Brasil já enterrou ali 11 bilhões de reais. E a usina nuclear Angra-3 continua parada. Nesta semana, a empresa estatal Eletronuclear se rendeu ao fracasso de mais uma tentativa de retomar a construção: confirmou a rescisão do contrato de serviços de engenharia que havia assinado e comemorado no verão de 2022.

    A usina é o símbolo agonizante de uma aventura nuclear brasileira que começou nos anos 70, com o general Ernesto Geisel, e prossegue inconclusa com Lula. Já foi tema de nove reuniões ministeriais neste ano, a última aconteceu na semana passada na Casa Civil da Presidência. O governo Lula, como os antecessores, não sabe o que fazer com Angra-3.

    Algumas das dúvidas atuais são muito parecidas com as de quatro décadas atrás. Não se sabe, por exemplo, quanto vai custar nem qual seria a tarifa de energia necessária para pagar o investimento.

    Nesta quarta-feira (20/6), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, admitiu que o governo não chegou a uma conclusão — “uma definição estratégica” — sobre a viabilidade econômica da usina. Significa que ainda não há decisão sobre a continuidade ou não da obra iniciada há exatos 40 anos.

    Continua após a publicidade

    A agonia de Angra-3 não é só econômica, também é tecnológica. O modelo de Angra-3 data de quatro décadas e é idêntico ao da “modernizada” usina de Grafenrheinfeld, que o governo alemão retirou de operação por razões de segurança depois do acidente em Fukushima, no Japão.

    Redesenhar a usina a partir do zero não consta dos planos governamentais. Mas o custo de terminar a obra tende a superar 17 bilhões de reais, dinheiro inexistente num país acossado pelo desequilíbrio nas contas públicas. O governo não sabe o que fazer com Angra-3, mas isso também custa caro: 100 milhões de reais por ano apenas para armazenar os equipamentos comprados da Alemanha. Parte deles chegou ao canteiro de obras há um par de anos, depois do pagamento de 5 bilhões de reais.

     

     

    * A versão da empresa estatal Eletronuclear 

    Na sexta-feira (21/6), a empresa estatal Eletronoclear divulgou nota afirmando que o projeto de Angra 3 — “datado de quatro décadas”, como informa a coluna — não estaria “ultrapassado”. Argumenta: “Basta analisar o cenário do setor nuclear ao redor do mundo para entender que a afirmação está equivocada. A terceira usina nuclear brasileira será uma ‘irmã gêmea’ de Angra 2, que é uma das que mais se destaca em termos de produção em usinas semelhantes de outros países.”

    Continua após a publicidade

    Acrescenta: “Em relação à segurança do modelo, ponto que aborda de maneira equivocada o acidente em Fukushima, é válido destacar que o setor nuclear internacional possui um rigoroso processo de segurança e intercâmbio de informações, que permite a análise e posterior implementação de medidas que diminuem consideravelmente os riscos de novos incidentes da mesma origem.”

    Prossegue: “Inclusive, em setembro de 2011 foi criado um Comitê Gerencial de Resposta à Fukushima com a atribuição de elaborar o Plano de Resposta à Fukushima, que passou pela análise e aprovação do nosso órgão regulador – Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – e da World Association of Nuclear Operators (WANO). O “Plano Pós-Fukushima foi integrado no escopo do projeto das duas unidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) e as melhorias necessárias foram implementadas.”

    “Angra-3”, complementa, “terá o reator de água leve pressurizada (PWR), modelo mais utilizado no planeta nos equipamentos em pleno funcionamento, além dos que estão em construção. Desta maneira, é válido pontuar que não houve grandes avanços tecnológicos na área estrutural. Portanto, apesar de ter boa parte da obra civil já construída – cerca de 65% – Angra-3 não vive uma ‘agonia tecnológica'”.

    Continua após a publicidade

    Sobre os equipamentos já comprados, ressalta, “a maior parte deles se encontra estocada em galpões mantidos pela empresa na CNAAA – totalizando cerca de R$7,5 bilhões – além de outra parte que fica na sede da Nuclep, em Itaguaí, também no Rio de Janeiro.”

    A Eletronuclear acha que “a rescisão de contrato com o Consórcio Ferreira Guedes – Matricial – Adtranz não é vista como um retrocesso nas circunstâncias atuais, e sim como a solução de um problema, pois o Consórcio demonstrou a incapacidade de atingir os níveis de qualidade e exigência para uma obra nuclear.”

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.