É impossível encontrar político em Brasília capaz de apostar em “moderação” de Jair Bolsonaro.
No entanto, cresce a fila dos que acreditam em recuo, depois dos comícios que ele organiza para o 7 de setembro.
Isso, claro, se ele não perder o controle das manifestações de rua, com risco potencial de confusão e violência em cidades como São Paulo e Brasília.
Descontada a retórica, líderes políticos e assessores presidenciais supõem que Bolsonaro chegou ao limite no confronto com o Judiciário, cuja capacidade de resposta está delineada em múltiplos inquéritos criminais, onde se destaca junto aos filhos parlamentares, uma dúzia de deputados federais e alguns empresários financiadores.
Diante do risco real de liquefação judicial da candidatura à reeleição, acham, Bolsonaro vai usar os comícios de 7 de setembro numa demonstração de força. O êxito é quase garantido pela mobilização conduzida no Palácio do Planalto.
Nos dias seguintes, começaria um balé de contemporização. Não por arrependimento, mas pela escassez de apoio político para enfrentar, simultaneamente:
o Judiciário;
o Legislativo;
a CPI da Pandemia;
os partidos políticos;
o vigor da inflação e a taxa de juros em alta;
o aumento dos preços dos alimentos, da energia elétrica e do gás de cozinha;
o desemprego e o pífio desempenho econômico previsto para este e para o próximo ano;
o provável racionamento de eletricidade;
a pressão externa por mudanças na política ambiental e para a Amazônia; e,
a volúpia do Centrão pelo controle do governo, com mais de 120 pedidos de impeachment na Câmara.
Essas, entre outras razões que a vida real está impondo ao insone presidente.