“Isso é baseado na sorte de nascimento. Eu não fiz nada para receber essa herança, e percebi que não poderia ser realmente feliz. Pensei comigo mesma que algo estava errado. As chances na vida são incrivelmente desiguais por causa da distribuição de renda. Os ricos são 1% da população e têm 40% da fortuna. Eu faço parte deles, e eu não tive que trabalhar para isso e, portanto, a responsabilidade surgiu para mim (…) Eu, como indivíduo, tenho que decidir como isso vai ser tratado, quando, na verdade, deveria haver um imposto sobre a riqueza. É questão de democracia: meu voto não pode valer mais do que o de outra pessoa só porque tenho influência na política e na economia. Estou financeiramente bem porque venho de uma família rica. Eu já tenho uma fortuna, mas isso é pouco comparado ao que ainda vem. E eu uso essa quantidade de dinheiro para garantir minha liberdade, na expectativa de que possamos, em breve, obter um imposto sobre a riqueza. Minha avó me deu isso e eu tenho essa liberdade de usar. Acho que ela ficaria muito feliz, porque eu tenho algo a fazer com o dinheiro que é muito significativo, e é algo bom para mim.”
(Marlene Engelhorn, 30 anos, estudante austríaca de literatura e ativista de movimentos por igualdade social, descendente de fundadores da multinacional química Basf, que anunciou a decisão de doar quase toda a fortuna de 4,2 bilhões de euros — equivalentes a R$ 22 bilhões — herdada da avó, Traudl Engelhorn-Vechiatto.)