Intervenções de Lula criam confusão no PT e no PSOL em várias cidades
Partidos resistem às designações de candidatos do presidente, que usa a eleição municipal como parte de um plano pessoal para a disputa presidencial de 2026
Cresce a confusão no PT e no PSOL por causa das imposições de Lula na disputa por prefeituras municipais.
Como habitualmente faz, ele escolheu candidatos e determinou alianças em cidades que considera estratégicas para a eleição presidencial seguinte. Esse intervencionismo na maioria das vezes foi sublimado.
O jogo mudou. Em São Paulo, por exemplo, parte do PT resiste ao repasse de recursos para financiar a campanha eleitoral do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, embora sua vice seja a ex-prefeita petista Marta Suplicy. Ambos foram diretamente escolhidos por Lula, que atropelou o PT municipal.
Em Manaus, o PSOL resiste ao candidato do PT designado por Lula, o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados Marcelo Ramos. É um neopetista com passagem por quase todo o espectro partidário — saiu do PL de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro e chegou ao PT de Lula, depois de escalas no PCdoB, no PDT e no PSD.
O PSOL do Amazonas resiste à ordem de Lula para aliança com o PT. Decidiu não apoiar o ex-deputado Ramos para ter candidatura própria, que anuncia como “inegociável”: a advogada Natalia Demes, ativista de movimentos de direitos humanos e presidente do diretório municipal. A direção nacional do PSOL, que é controlada pelo candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos, ameaça intervenção no Amazonas.
Já em Alagoas, o PT resiste a retirar seu candidato à prefeitura de Maceió, como determinado por Lula, para se submeter à aliança com o MDB do senador Renan Calheiros.
O impasse resultou no seguinte: PT e aliados, que integram uma federação partidária nacional, devem realizar suas convenções no próximo sábado para definir listas de candidatos a vereador. Não haverá definição sobre aliança com o MDB ou candidatura própria na disputa pela prefeitura de Maceió até que o impasse seja resolvido em Brasília.
O PT de Maceió já havia definido um candidato, Ricardo Barbosa, presidente do partido no estado. Ele admite mudança, se os petistas forem convencidos sobre “o custo-benefício dessa operação [do Planalto] de atender a vontade do senador Renan Calheiros em Alagoas e em Maceió.”
Ter candidato próprio para prefeito e compor alianças para eleger vereadores é entendido como questão de sobrevivência para partidos como PT e PSOL em vários Estados. Por isso, a estridência. Como se sentem atropelados, dirigentes locais resistem às resistem às designações de candidatos feitas pelo presidente, que utiliza eleição municipal como parte de um plano pessoal para a disputa presidencial de 2026.