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Lula atropela o PT e avança no seu “movimento”

Ele impôs ao partido o desafio da renúncia a posições consolidadas em várias regiões, como no Maranhão, no Pará e no Rio Grande do Norte

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jan 2022, 09h10 - Publicado em 26 jan 2022, 08h00

Lula avança na construção do seu “movimento”. Costura de alianças muito além das fronteiras políticas imaginadas no PT, às vezes contrariando interesses do partido.

Aos 76 anos resolveu fazer o que gosta, conversar. Aplaina o caminho para futuras “parcerias”, como define. “Não quero ser candidato do PT”, disse dias atrás a um grupo de jornalistas.  “Quero ser candidato de um movimento”.

É provável que nos próximos dias reencontre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, provocando reações na chamada esquerda petista e na ala do PSDB alinhada ao adversário João Doria, governador de São Paulo.

Negocia nos Estados a montagem de candidaturas ao Senado, seguindo o mapa das suas necessidades para o “movimento”.

Com isso, impõe ao PT o desafio da renúncia a posições consolidadas em várias regiões, como no Maranhão, no Pará e no Rio Grande do Norte.

Lula quer o MDB, a federação de oligarquias regionais. E com a discreta colaboração de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, manobra intensamente para desidratar a candidatura presidencial de Simone Tebet, senadora por Mato Grosso do Sul.

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Não deve se meter no Maranhão, pelo menos, até à definição do rumo eleitoral da família Sarney.

Já no Pará, quer o PT apoiando a candidatura ao Senado do governador Helder Barbalho.

A eventual eleição, com a ajuda de Lula, asseguraria ao clã Barbalho uma bancada familiar pelos próximos oito anos — com o patriarca Jader, de 77 anos, cujo mandato vai até 2027, sentado no plenário ao lado do filho Helder, 42 anos, que seguiria até 2031.

Pelo “movimento” paraense de Lula, ficaria escanteado o projeto de reeleição do senador petista Paulo Rocha.

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Fundador do PT e da CUT no Estado, Rocha foi anfitrião de uma célebre reunião em Brasília na campanha de 2002.

Foi quando Lula e Dirceu acertaram com Valdemar Costa Neto um abrigo no Partido Liberal para o então senador mineiro José Alencar, que se tornou vice de Lula em dois governos.  O aluguel da legenda partidária custou R$ 20 milhões (R$ 101,4 milhões hoje).

Alencar é referência de Lula escolha do ex-governador paulista Geraldo Alckmin como candidato a vice-presidente, sob protestos públicos da chamada esquerda petista.

Por enquanto, o paraense Rocha resiste à ideia de voltar à Câmara, onde passou vinte anos (1991-2011) como deputado antes de chegar ao Senado (2015).

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O PT se vê a reboque de Lula, de novo. São interdependentes, mas têm trilhas próprias. Em 2002 deu certo, quando o partido chegou ao apogeu elegendo 90 deputados federais. Hoje tem 53 e projeta recuperação de 30%, chegando a 70 no plenário da Câmara.

Lula, antes, se achava “uma ideia”. Agora batalha para encarnar “um movimento” contra Jair Bolsonaro — e conseguir a absolvição das urnas.

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