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José Casado

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Informação e análise

Manobra militar de Trump deixa em risco três ditaduras latinas

A frota dos EUA na costa da Venezuela é grande demais para ficar na caça às máfias do narcotráfico e pequena demais para invadir o país de Maduro

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 set 2025, 20h27 - Publicado em 2 set 2025, 08h00

Um navio de guerra é uma embaixada ambulante — dizia o poeta Olavo Bilac —, muito mais valiosa e útil do que as missões diplomáticas fixas.

O governo Donald Trump estacionou meia dúzia ao sul do Caribe, à beira do mar territorial da Venezuela.

Os navios transportam milhares de fuzileiros, soldados da Guarda Costeira e policiais das agências antidrogas dos Estados Unidos. Estão equipados com mísseis de cruzeiro, capazes de atingir alvos em terra com relativa precisão. Têm sofisticados equipamentos de vigilância, apoio das principais agências de espionagem e contam com a furtiva companhia de um submarino de propulsão nuclear, usado em ataques rápidos.

O governo dos EUA criou um fato militar relevante ao despachar para o Atlântico Sul uma força de guerra incomum em missões na região.

O problema de Trump é que ela, provavelmente, é grande demais para operações de repressão às máfias regionais de narcotráfico. E parece ser pequena demais para apoiar mercenários numa invasão com o objetivo de derrubar o governo da Venezuela.

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Há uma diferença importante entre mobilização armada para apoio logístico a um movimento para derrubar um governo e a invasão militar de um país para mudar o regime, a partir da captura do governante.

Em março de 1964, a Casa Branca mandou ao Brasil uma força naval capitaneada pelo porta-aviões Forrestal, com seis contratorpedeiros e quatro embarcações de transporte de combustíveis, para dar apoio logístico à rebelião militar e civil contra o presidente João Goulart — o governo caiu antes da chegada da frota americana, que fez meia-volta no Caribe.

Revelada pelo repórter Marcos Sá Corrêa no Jornal do Brasil, em 1977, a Operação Brother Sam está documentada no livro “1964, visto e comentado pela Casa Branca”, que acaba de ser relançado pela Livraria do Senado (a versão eletrônica é gratuita).

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Em dezembro de 1989, três dias depois de o Brasil eleger o primeiro presidente pelo voto direto depois da longa de ditadura, o governo dos EUA enviou mais de 25 mil soldados para invadir a Cidade do Panamá, onde milhares de militares americanos residiam e trabalhavam nas bases plantadas às margens do Canal do Panamá.

A Operação Justa Causa foi planejada para mudança de regime, a partir da derrubada do governo de Manuel Noriega, antigo espião da CIA convertido em ditador sanguinário e chefe de uma das máfias do narcotráfico caribenho.

Ele escapou do cerco e se asilou na Embaixada do Vaticano. O prédio foi cercado com grandes caixas acústicas e bandas improvisadas por soldados propagaram trilhas de rock heavy metal durante dois dias seguidos, em volume máximo e sem interrupção. Noriega se rendeu, foi extraditado, julgado e condenado a 17 anos de prisão — saiu antes, com câncer no cérebro.

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O alvo do governo Trump é Nicolás Maduro. Os EUA aumentaram em 233%, nos últimos onze meses, o prêmio pela cabeça do ditador venezuelano, processado por tráfico de drogas num tribunal do distrito sul de Nova York.

Em setembro do ano passado, ele valia 15 milhões de dólares. Em janeiro, a recompensa subiu para 25 milhões de dólares — equivalente ao preço pago na captura do chefe terrorista Osama Bin Laden na década passada.

No mês passado, a oferta pela cabeça de Maduro subiu para 50 milhões de dólares, equivalentes a 270 milhões de reais — ou seja, o dobro da premiação média em loterias da Caixa.

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O chefe da cleptocracia de Caracas acha que os navios americanos estão com mísseis apontados para ele, mas há década e meia Maduro se diz vítima de tentativas quase diárias de assassinato.

O governo Donald Trump estacionou meia dúzia de guerra no sul do Caribe. Até agora, não explicou a razão, a “missão” e o objetivo dessa demonstração de força de alto custo financeiro e político.

Uma ação militar dos Estados Unidos nesse trecho do Atlântico, com foco na Venezuela, deixa em risco de desestabilização três governos ditatoriais de uma única vez: os de Miguel Díaz-Canel, em Cuba; Daniel Ortega na Nicarágua, e, Nicolás Maduro, na Venezuela.

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Christopher Landau, subsecretário de Estado, disse em entrevista a um dos filhos de Trump que “nos próximos dias e semanas veremos mais ações que enviarão mensagens [à Venezuela], mas, em última instância, o povo venezuelano tem que se levantar e reclamar sua própria liberdade”.

Tudo é possível. Mas, vale lembrar, o subsecretário Landau é do tipo que acredita, entre outras coisas, que o Brasil vive sob uma “ditadura judicial” estabelecida e mantida contra Jair Bolsonaro.

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