Jair Bolsonaro pediu e cinco dos seus principais assessores dedicaram tempo à sessão de ontem de julgamento das contas do governo no Tribunal de Contas da União. Dividiram a atenção Paulo Guedes, da Economia, Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União, e André Mendonça, da Advocacia-Geral da União.
A contabilidade governamental de 2020 foi aprovada com ressalvas. Isso costuma acontecer, porém, desta vez havia um motivo específico de preocupação para Bolsonaro: os R$ 21,9 bilhões em verbas orçamentárias que ele liberou num acordo com os líderes do Centrão — na prática, um orçamento paralelo.
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O TCU registrou a “perplexidade” e, também, as peculiaridades dessa operação orçamentária. A maior parte (63%) do dinheiro foi usada para investimento, basicamente pequenas obras. Mas uma parcela significativa (35%) acabou consumida em despesas estranhas.
Foram R$ 7,6 bilhões usados em gastos “de custeio” nos Estados e Municípios, indicados por parlamentares aliados ao governo e de uma forma que o tribunal de contas considera de difícil compreensão. Por isso, o TCU anunciou uma “análise mais aprofundada”.
Invenção do Centrão, com aval de Bolsonaro, o orçamento paralelo nasceu errado, teve mais de um terço dos recursos consumidos de forma errada nos Estados e Municípios, e ontem acabou confirmado como promissora fonte de confusão política durante o segundo semestre.