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Novo ciclo

Aos 79 anos, Lula enfrenta o dilema de se candidatar ou não à reeleição

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 out 2024, 12h37 - Publicado em 25 out 2024, 06h00
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  • A corrida presidencial de 2026 começa na noite deste domingo (27/10), depois de conhecidos os nomes dos prefeitos eleitos nas 51 das maiores cidades, todas com mais de 200 000 habitantes.

    Lula terá completado 79 anos. É um novo ciclo numa história singular, impulsionada pela autoconfiança cultivada desde a infância à beira do açude em Várzea Comprida, Caetés (PE), adubada na maioridade sindical no ABC Paulista e maturada nesta décima celebração de aniversário no Palácio da Alvorada. Ele já conta mais da metade da vida na luta pelo poder, no papel de candidato permanente do Partido dos Trabalhadores.

    Em tese, Lula tem dezenove meses para decidir se vai ou não à reeleição, caso consiga adiar o anúncio até maio de 2026. Para tanto, precisa realizar a proeza de controlar o tempo e os fatos da política. Ele fez coisa parecida em 2018, com relativo êxito para o ego, mas sob circunstâncias muito distintas.

    Estava preso em Curitiba. Sabia que legalmente era inelegível, no entanto, pressionou o PT a inscrevê-lo e esperar a anulação da candidatura. Deixou um espaço de apenas três semanas para o substituto, Fernando Haddad, percorrer o país em campanha. Quase desconhecido fora de São Paulo, Haddad foi às ruas exibindo máscara com o rosto de Lula. Provou-se viável numa eleição perdida para Jair Bolsonaro, vítima de um atentado a faca, quando extraiu das urnas 47 milhões de votos (44,8% do total).

    O mundo de Lula agora é outro. Não tem a monofonia da cela da Polícia Federal, mas está dominado pela cacofonia dos conflitos e intrigas por trás da cena do poder, no Palácio do Planalto, no PT, nos ministérios e no Congresso. Dentro e fora de Brasília, especula-se sobre o mercado futuro a partir de proposições antagônicas: com e sem Lula na disputa de 2026. É indício das suas dificuldades crescentes para conduzir a permanência ou a sucessão.

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    O problema não está naquilo que deseja, mas nas escolhas que vai precisar fazer a partir desta primavera. A opção primordial, mais relevante, é de natureza íntima — se vai ou não se candidatar à reeleição. Não é uma decisão óbvia, dizem banqueiros que na semana passada conversaram com Lula sobre os rumos do governo a partir de janeiro.

    “Aos 79 anos, Lula enfrenta o dilema de se candidatar ou não à reeleição”

    Eles foram ao Planalto com duplo objetivo: tentar entender como o governo planeja gerenciar a dívida pública, em crescimento contínuo, e obter pistas sobre o futuro visto da cadeira de presidente. Voltaram para São Paulo sem decifrar os enigmas. Um até percebeu hesitações. Outro interpretou-as com naturalidade biológica: candidatura à reeleição aconteceria aos 81 anos, com o peso do recomeço de um ciclo de vida — decisão complexa para Lula ou qualquer octogenário.

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    O cardápio das condicionantes conjunturais inclui, além do boletim de saúde, um custo político extra sobre a segunda etapa do atual mandato. Como ninguém ganha eleição sozinho, sinalizar candidatura em 2026 requer a tentativa de reedição da “frente ampla”, experiência vitoriosa contra a reeleição de Bolsonaro desidratada já na fase de transição de governo. Ajustar a sintonia com os grupos de poder no Congresso dependeria de novo pacto com aliados do centro e da direita, agrupados em partidos como PSD, MDB e União Brasil. Eles demonstraram força eleitoral nos municípios, saíram das urnas com 40 milhões de votos — o dobro da votação somada dos partidos de esquerda. Tendem a exigir fatia do governo maior do que já possuem, sem petistas no controle das áreas-chave dos ministérios, além de compromissos na eleição para o Senado e a vaga de vice-presidente em 2026. Nessa lógica, multiplicam-se os dilemas para Lula: a montagem de uma “frente ampla” à margem dos interesses do PT e, eventualmente, contra o PT.

    Em cenário diferente, Lula decidiria se aposentar do ofício de candidato permanente do PT. É possível, mas depende da competência em controlar o tempo e os fatos, porque seu governo correria o risco de acabar no dia seguinte à evidência ou ao anúncio. Ele viu esse filme nos dezoito meses do epílogo de Fernando Henrique Cardoso. Em outra dimensão, está aí o exemplo vivo de Bolsonaro vagueando sem perspectiva de poder. Inelegível até 2030, luta para evitar conversão numa espécie de zumbi político.

    A opção mais óbvia de Lula para sucessão seria o ministro da Fazenda. Antes de assumir como candidato-substituto em 2022, Haddad o visitou 44 vezes na cela de Curitiba, sempre às segundas-feiras, de acordo com a contabilidade de um banqueiro. A resistência a Haddad se concentra no PT, mas não seria problema para Lula. Como não vê dia fácil, ele já desenha a “refundação” do partido.

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    Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

    Publicado em VEJA de 25 de outubro de 2024, edição nº 2916

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