O dilema de Lula e Alckmin com a empresa de armamentos
Governo hesita em estatizar ou deixar que o mercado resolva a crise da Avibras, que tem 400 pessoas ameaçadas de demissão
Estatizar ou deixar que o mercado resolva. É o dilema do governo Lula com a Avibras, empresa privada de material bélico, que está em recuperação judicial há cerca de um ano.
A crise dessa empresa, com fábrica em São José dos Campos (SP), representa um desafio político tanto para Lula quanto para o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro da Indústria e do Comércio. Lula está sob pressão do sindicalismo local que o apoia desde meados dos anos 70, quando liderava parte dos metalúrgicos paulistas. Alckmin nasceu na região, que preserva como base eleitoral.
A Avibras emprega cerca de 400 pessoas — atualmente sem trabalho e ameaçadas de demissão. Sustentada, basicamente, por créditos públicos (BNDES), em seis décadas tornou-se fornecedora relevante das Forças Armadas, com produção de mísseis e de bombas de fragmentação (do tipo cluster).
No ano passado, duplicou o prejuízo operacional líquido (para 330 milhões de reais). Os gastos com pessoal foram mais que o dobro da receita líquida de vendas. A empresa não encontrou compradores.
Lula e Alckmin estudam a estatização, mas temem a repercussão política negativa de um retorno ao antigo “hospital”, com uso de dinheiro público para salvar empreendimento privado em virtual falência. A Avibras pode vir a ser o primeiro caso de socorro financeiro no atual governo. Provavelmente não será o único.