Lula desconfia da eficácia do próprio governo. Foi a impressão que tentou passar, nesta terça-feira (4/6), ao interpelar publicamente os ministros da Educação, Camilo Santana, e da Saúde, Nísia Trindade, sobre a capacidade governamental de cumprir leis que ele estava sancionando.
“O MEC está preparado para a nova política que cuida das crianças com problemas? Temos gente preparada ou temos que preparar? Os municípios estão preparados?” — provocou ao assinar legislações sobre atenção especializada na educação infantil e às pessoas com Alzheimer e outras demências.
Os ministros, claro, disseram que sim, mencionando a “integração” com Estados e Municípios.
Ele insistiu: “Porque senão a gente aprova e a lei corre o risco de não funcionar porque não tem gente preparada para fazer o atendimento.”
Lula tem recorrido ao expediente da cobrança direta a alguns ministros. É uma forma de se apresentar publicamente equidistante das dificuldades operacionais do governo — em parte originadas em decisões presidenciais.
Nos momentos de “boas notícias”, como define, faz questão de aparecer como protagonista. Foi assim na divulgação da taxa de crescimento da economia (0,8%) no primeiro trimestre, em comparação com os três meses anteriores. “Mais uma prova de que estamos no rumo certo”, celebrou.
Pode parecer novidade, mas é recauchutagem no manual de campanha que usa há três décadas e meia como candidato presidencial. Lula, de novo, está numa corrida contra o calendário: faltam 28 meses para a disputa de 2026.