Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

O jogo mudou para Lula e Bolsonaro, que já não são líderes incontestáveis

Eles vão às urnas hoje como eleitores ilustres. É bem menos do que imaginavam, quando desenhavam 2024 como a preliminar de um novo embate Lula x Bolsonaro

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 out 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Duas primaveras atrás, Lula e Jair Bolsonaro partilhavam a certeza de que haviam expandido suas bases eleitorais e consolidado lideranças hegemônicas à esquerda e à direita. Restavam dúvidas sobre o que e como fazer para garantir a estabilidade desse domínio político.

    Em outubro do ano passado, já exibiam novas certezas. Lula governava orientado pela ideia de reeleição. Bolsonaro, inelegível até 2030, viajava pelos Estados em campanha por anistia. Exalavam convicção de que as eleições municipais de 2024 seriam a primeira rodada de um novo embate Lula x Bolsonaro.

    Faltou combinar com a realidade. Quando acharam que, finalmente, tinham respostas sobre o futuro, as perguntas já haviam mudado. Começaram a perceber isso no último verão, durante a definição dos candidatos a prefeito nos maiores colégios eleitorais.

    Lula queixava-se do déficit do PT em vitórias eleitorais: “A gente governava praticamente 22 milhões de brasileiros, e nós perdemos todas [prefeituras]”, disse em discurso para aliados, em fevereiro. “O que aconteceu? Onde foi o erro?”

    Bolsonaro atrapalhava-se. Combinava candidaturas dos prediletos numa semana e, na seguinte, apoiava outros candidatos que ele e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entendiam mais “viáveis” ou palatáveis para o eleitorado.

    Continua após a publicidade

    Quando o inverno começou, o mundo estava diferente do que haviam imaginado. Fraturas começaram a ficar expostas.

    Lula passou a lidar com dupla resistência. Uma delas entre os petistas, cuja insatisfação é silenciosa e crescente. Em São Paulo, por exemplo, precisou apelar, algumas vezes em público, para que o PT reconhecesse Guilherme Boulos, do Psol, como candidato “do partido” à prefeitura paulistana e financiasse a sua campanha — Boulos acabou recebendo 44 milhões de reais, o maior aporte financeiro dos petistas a um aliado.

    Outra dificuldade foi com os partidos da base parlamentar do governo. Deixaram claro ser indesejável a interferência presidencial direta no processo eleitoral, eventualmente capaz de desequilibrar o jogo em alguns municípios relevantes.

    Continua após a publicidade

    É uma disputa complexa envolvendo interesses de 30 partidos, com a participação de 83 deputados federais e quatro senadores e outros 507 congressistas diretamente motivados, porque a base municipal é chave para a reeleição federal. E Lula mantém ideia fixa em 2026.

    Por isso, ao contrário do que fez nos dois governos anteriores, ele preferiu se recolher em Brasília. Evitou campanhas dos candidatos a prefeito que ele mesmo escolhera, muitas vezes atropelando o PT para satisfazer aliados no Congresso. Permitiu-se uma única escala em Fortaleza, reduto do adversário Ciro Gomes, abrigado no PDT. Limitou-se a poucas manifestações públicas em São Paulo para apoiar Boulos, a quem é grato por ter organizado o protesto em São Bernardo (SP) durante sua prisão em abril do ano eleitoral de 2018.

    Bolsonaro também foi surpreendido. Viu questionada a supremacia que imaginava ter sobre “a direita”, dentro e fora do PL onde se coloca como “presidente de honra” assalariado e alinhado a Valdemar Costa Neto, a quem define como “dono do partido”.

    Continua após a publicidade

    O caso de São Paulo foi eloquente sobre a erosão desse poder imaginário. Precisou lutar duramente para impor um dos seus prediletos como candidato a vice do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que tenta a reeleição.

    Assistiu à emergência da liderança regional do governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, e à afirmação da competitividade do PSD, do adversário Gilberto Kassab, na maioria dos municípios paulistas. Cometeu o equívoco de alentar o nascimento da candidatura de Pablo Marçal, do PRTB, que se apresentou como independente e potencial “alternativa” à direita.

    Além disso, viu outro adversário, o prefeito Eduardo Paes, do PSD, predominar no seu principal reduto eleitoral, a cidade do Rio. E, ainda, testemunhou contestações à sua liderança em núcleos relevantes do ruralismo no Centro-Oeste, como Goiás e Mato Grosso do Sul.

    Bolsonaro e Lula vão às urnas hoje como eleitores ilustres. É bem menos do que imaginavam duas primaveras atrás, quando desenhavam 2024 como a preliminar de um novo duelo. O jogo mudou, avisam os eleitores em todas pesquisas.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.