Pressão no Congresso para aprovar compra do Master pelo BRB
União Progressista quer “urgência” para aprovar projeto antigo que dá aos parlamentares poder para derrubar diretores do BC
Com 14 senadores e 111 deputados federais, a União Progressista é a nova força majoritária no Congresso. É federação formada pelos partidos União Brasil e Progressistas, pilares do grupo parlamentar conhecido como Centrão. Seus dirigentes se dizem de centro-direita, a favor da moderna economia de mercado.
A União Progressista, porém, resolveu marcar sua estreia com uma iniciativa de retrocesso legislativo às práticas patrimonialistas. Tenta criar um mecanismo de impeachment para diretores do Banco Central como meio de forçar a rápida aprovação de um negócio ainda obscuro — a compra de uma empresa financeira privada, o Banco Master, por uma instituição pública, o Banco de Brasília (BRB), que é controlado pelo governo do Distrito Federal.
Líderes do Partido Progressistas decidiram coletar assinaturas num requerimento de “urgência” para votação de um projeto de 2021, ou seja, de quatro anos atrás.
Querem mudar a legislação sobre autonomia do Banco Central para dar ao Congresso o poder de demitir diretores, sempre que os parlamentares julgarem “a condução” das atividades da instituição “incompatível com os interesses nacionais”.
O sentido de urgência para derrubar diretores do BC surgiu em meio à relutância da autoridade monetária em autorizar a venda do Master para o BRB. Há meses se acumulam dúvidas e até suspeitas sobre essa transação, por falta de transparência.
Os repórteres Adriana Fernandes, Raphael Di Cunto e Ricardo Della Coletta identificaram o senador Ciro Nogueira como o principal defensor dessa transação dentro do Congresso. Eleito pelo Progressistas do Piauí, Nogueira chefiou a Casa Civil no governo Jair Bolsonaro. Agora, é presidente da federação UP, nova força parlamentar majoritária.