Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

PT de Lula e PL de Bolsonaro agora são aliados, com o patrocínio de Lira

Aliança é pragmática, não impede que se tratem como inimigos, e lembra Machado de Assis: não é preciso ter as mesmas ideias para dançar a mesma quadrilha

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 out 2024, 13h00 - Publicado em 31 out 2024, 08h00

O PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro agora são aliados. Líderes das bancadas de deputados federais dos dois partidos anunciaram a união, com o patrocínio de Arthur Lira, presidente da Câmara: pretendem eleger Hugo Mota, do Republicanos da Paraíba, no comando da Casa em fevereiro.

Lula e Bolsonaro sabiam e acompanharam a negociação, como Valdemar Costa Neto, dono do PL. Eles não vetaram e evitaram comentários sobre o anúncio feito nesta quarta-feira (30/10).

Em público, PT e PL costumam se apresentar em polos diametralmente opostos, à esquerda e à direita. Com frequência, colidem em embates de retórica raivosa no plenário da Câmara.

Lira conseguiu atraí-los para uma aliança improvável. Aparentemente, ela não é coerente com os objetivos de Lula no governo, de Bolsonaro na oposição, ou ainda dos dois no jogo que se inicia para a disputa eleitoral de 2026.

Acordo é compromisso. PT e PL decidiram juntar os 160 votos dos seus deputados (70 petistas, 90 liberais e extremistas) para aclamar a Mota numa eleição que só vai acontecer dentro de três meses, e com outros dois candidatos na disputa – os deputados baianos Elmar Nascimento, do União Brasil, e Antônio Brito, do PSD.

Continua após a publicidade

Presidência da Câmara é função relevante não apenas pelo poder sobre a pauta de votação, mas também pela posição estratégica na linha sucessória – logo depois do vice-presidente da República, determina a Constituição.

São circunstâncias que tornam singular a aliança entre adversários, habituados ao trato como inimigos, para adesão a uma candidatura doze semanas antes da votação interna. Em política, noventa dias equivalem a uma eternidade. No caso, a antecipação pode ser interpretada como precipitação interessada.

A princípio, ela garante a Lira espaço privilegiado para conduzir a própria sucessão. Não se conhecem detalhes da proposta aceita pelo PT e PL, mas sabe-se que o acordo inclui cargos no comando da burocracia da Câmara, principalmente na Mesa Diretora, e em comissões parlamentares.

Continua após a publicidade

O principal é a partilha do bolo de dinheiro das emendas ao Orçamento da União – equivalente a 20% do total das verbas para investimentos federais – manejadas de forma nada transparente e, por isso, sem controle efetivo.

A lógica dominante no Congresso é a do acesso ao orçamento. Como disse Jilmar Tatto, secretário do PT, ao repórter Paulo Montoryn, “esse negócio de emenda ajuda muito”.

A aliança entre PT e PL patrocinada por Lira não se fundamenta nas eventuais ideias e propostas de interesse público do deputado Mota como aspirante à presidência da Câmara. Ela se baseia em acertos sobre emendas parlamentares.

Continua após a publicidade

No desenho de Lira, ele será o árbitro da distribuição. Se der tudo certo, ele voltaria ao plenário em fevereiro como o mais influente dos deputados, tendo escolhido o sucessor e mantendo o controle do acesso às verbas do orçamento.

A aliança é pragmática, não impede que o PT de Lula e o PL Bolsonaro continuem se tratando publicamente como inimigos, e lembra Machado de Assis: não é preciso ter as mesmas ideias para dançar a mesma quadrilha.

Publicidade

Imagem do bloco
Continua após publicidade

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.