O ar vai ficar mais poluído neste inverno para quem vive em cidades como São Paulo. Até agosto haverá um despejo extra na atmosfera de no mínimo 1,1 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2), calculam produtores de biodiesel.
É consequência da redução no percentual de mistura de biodiesel ao diesel de petróleo, já autorizada pelo governo federal.
Os brasileiros vão respirar mais poluentes porque os preços do óleo de soja dispararam, assim como o do etanol de cana de açúcar.
O biodiesel diminui um pouco os efeitos nocivos à saúde pública do combustível fóssil, derivado do petróleo.
Dois terços dele têm origem na soja em grão, cujos preços subiram 65%, em média, nos últimos doze meses no mercado mundial. Neste ano, a alta foi de 20%.
A soja em grão é, basicamente, usada para produzir óleo — combustível e comestível— e ração animal. O impacto da alta de preços é visível nos supermercados: o preço da lata para uso na cozinha aumentou 87%.
Combustíveis à base de etanol também estão em alta: subiram 50% nos últimos doze meses.
No horizonte não há sinais favoráveis aos consumidores. A perspectiva é de intensa disputa de preços no mercado internacional por causa do grande aumento no consumo de óleos vegetais para uso em combustível, impulsionado pelos planos de conversão energética (o “diesel verde”) dos Estados Unidos e da Europa.
O Brasil, pioneiro em biocombustíveis, estagnou em desenvolvimento tecnológico em energia renovável. Exporta grãos e fica com mais poluição.