Fecha-se um ciclo. Depois de oito meses de autofagia, o PSDB decidiu não ter candidato próprio à presidência. Será a primeira vez em pouco mais de três décadas.
É o resultado de um dos raros pontos de consenso no partido: a inexistência de um projeto do PSDB para o país que justifique a sua liderança numa coalizão eleitoral alternativa na disputa pelo Palácio do Planalto.
É notável, pelo paradoxo. Se trata do partido responsável pelo mais abrangente e relevante debate político sobre o Brasil dos anos 90, que resultou no Plano Real.
Nascido dentro do Congresso, numa fração rebelde do MDB, nunca conseguiu organizar uma base eleitoral nacional para chegar ao poder, ao contrário do ocorreu com o Partido dos Trabalhadores.
Esse projeto anti-inflacionário num país que perdera a noção do valor da sua moeda, o levou ao centro do poder apenas seis anos depois da fundação.
Governou por oito anos. O PT veio em seguida, aos 22 anos de idade. Com raízes na modernidade paulista, prevaleceram no debate, no Congresso e nas urnas por três décadas, até o derretimento político-partidário que resultou na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.
Hoje, o único líder do PSDB com capacidade de aglutinar o partido é o senador cearense Tasso Jereissati.
O cenário está pronto para sua confirmação como candidato a vice-presidente da senadora Simone Tebet, do MDB.
Tasso, aparentemente, já venceu o primeiro obstáculo — estancou a sangria do PSDB antes do aniversário de 34 anos, no próximo dia 25.