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José Vicente

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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.

Mais juízes negros é dever das empresas e de todos

A iniciativa que une sociedade civil e empresarial para ajudar a pagar a conta e os custos da preparação dos futuros magistrados

Por José Vicente
Atualizado em 20 Maio 2025, 12h40 - Publicado em 20 Maio 2025, 12h38

A manifestação mais intensamente visível das desigualdades raciais na sociedade brasileira é sobejamente identificável no profundo grau de exclusão que separa e opõe negros e brancos em todos os espaços de prestígio público e privado do país. Não existe sequer um presidente ou presidenta negro nas 2 000 maiores empresas públicas e privadas do país, e são rareadas suas presenças no alto escalão das forças armadas, nos partidos e classe política, religiosa, esportiva, na comunicação social e na cultura.

Considerando que os negros representam a maioria dos brasileiros e que o regime democrático impõe a pluralidade e a diversidade como princípios basilares e estruturantes da igualdade jurídica, da representação e da participação social, é possível antever o quanto essa dura realidade joga por terra e se afasta indelevelmente da promoção do bem de todos sem distinção de cor e raça como exige e determina a Constituição cidadã de 1988.

É do alto dessa verdade cristalina que se apresenta um dos mais difíceis e intrincados desafios do país: como garantir a presença equilibrada dos cidadãos negros entre os magistrados brasileiros, quando nem a garantia de cotas de 20% para negros, em vigor há mais de dez anos, conseguiu promover e realizar tal façanha?

Disputar uma vaga na magistratura exige tempo e preparação que poucos podem ter e exige muito dinheiro para pagar os melhores cursos preparatórios e comprar os caríssimos livros de direito; dinheiro que os negros não têm. Sem desconsiderar os vieses raciais e de toda natureza que atravessa a vida do candidato negro, sem posses, padrinhos, e sem pedigree. Esse é um dos decisivos fundamentos que explica a presença de menos de 15% de negros no judiciário brasileiro, num país em que os negros são quase 60% da população, e que, consequentemente, alimenta e robustece o racismo estrutural que mantém negros e brancos separados e desiguais.

Uma das respostas possíveis é seguir a máxima de Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Isto é, sair do conforto, deixar de lado o discurso e colocar o pé na estrada para construir uma nova história. E é justamente isso que o próprio Presidente da Suprema Corte e do Conselho Nacional de Justiça Luís Roberto Barroso juntamente com a Universidade Zumbi dos Palmares e Fundação Getúlio Vargas resolveram fazer. Convocar a sociedade civil e empresarial para ajudar a pagar a conta e os custos da preparação dos futuros magistrados. E é exatamente dessa forma que um grupo cada vez maior de presidentes e suas empresas têm respondido afirmativamente à sociedade, à justiça e aos futuros juízes negros: colocando os recursos na mesa para tornar possível essa missão grandiosa.

Em mais uma ação cívico empresarial, na próxima quinta, 22, Diego Barreto, Presidente da Empresa IFood e sua esposa Carol Nomura, abrem as portas da sua residência para receber outras dezenas de empresas e presidentes interessados e dispostos em fortalecer essa potente iniciativa, certos e convictos que construir o novo e forjar uma nova história de igualdade, oportunidades e justiça, é dever e responsabilidade de todos. Uma atitude solidária e transformadora que merece reconhecimento e aplausos de todos. Sozinhos os negros ficarão sempre reféns de dificuldades e obstáculos insuperáveis, com a ajuda dos empresários e juntos, a jornada fica mais curta e o sucesso mais perto. E, a magistratura mais representativa, enriquecida, diversa e justa.

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