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3 anos das vacinas contra a Covid-19: um divisor de águas na pandemia

As vacinas cumpriram o seu principal papel de salvar vidas, evitar mortes, prevenir sequelas e reduzir sofrimento, acabando com a crise sanitária

Por *Renato de Ávila Kfouri
Atualizado em 8 Maio 2024, 16h45 - Publicado em 19 jan 2024, 15h53
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  • Esta semana comemoramos três anos da aplicação da primeira vacina contra a Covid-19 no Brasil. Todos se recordam da emoção da enfermeira Mônica Calazans, do Hospital Emílio Ribas em São Paulo, ao ser imunizada. Estes foram, sem dúvida, os anos mais difíceis que enfrentamos na era moderna – uma pandemia mundial, em que as pessoas foram obrigadas a ficar em casa, usar máscara, manter as escolas fechadas, e com isso, veio um enorme impacto econômico e social, especialmente nas crianças, no aprendizado, na escola e na alfabetização. Nunca a saúde mental foi tão afetada. Certamente, foi algo sem precedentes, mas que a gente lembra e guardará como dos mais simbólicos e marcantes períodos de toda as nossas vidas.

    Entretanto, o divisor de águas nessa luta foi a vacina. Não há dúvidas! Podemos dividir a pandemia em eras pré e pós-vacinal. Antes da vacina nos deparávamos com o desconhecido, pessoas morrendo de uma doença grave, se espalhando, sem tratamento ainda comprovadamente específico, sem opções de atendimento e com número insuficiente de leitos para todos. Situação desesperadora, que fez com que registrássemos no Brasil, uma das maiores taxas de mortalidade pela doença do mundo.

    Não à toa que, naquele momento, a aprovação das duas primeiras vacinas, coincidentemente no mesmo dia pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi transmitida ao vivo em rede nacional de televisão. Pela primeira vez, a gente assiste uma sessão de análise técnica de uma agência regulatória parecer uma final de Copa do Mundo, tamanha a ansiedade da população na busca pelo resultado da aprovação, como acabou acontecendo.

    Eu estava lá. Na verdade, já havíamos avaliado os dados das vacinas e a aprovação era quase que certa, mas quando vimos, de fato, as vacinas sendo aprovadas e no minuto seguinte, a Mônica recebendo a primeira dose de vacina Coronavac em São Paulo foi um enorme alívio para todos. Era a esperança real de derrotarmos o inimigo.

    Para mim, particularmente, que fui um dos investigadores da vacina Oxford-AstraZeneca no Brasil, pude sentir uma emoção ainda maior, indescritível, resultado de um grande esforço pessoal e de muitos.

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    Foram várias as lições aprendidas em todo o processo de implantação das vacinas – selecionar grupos de risco, entender as diferenças entre os imunizantes, a duração de proteção, a necessidade de doses de reforço, a proteção contra formas leves e graves, os eventos adversos e tantos outros aprendizados que fizeram parte de um longo caminhar que foi e que ainda vem sendo construído, baseado sempre na ciência e nunca, jamais em opiniões de caráter político.

    A imunidade produzida pelas vacinas e também pela infecção natural (imunidade híbrida) transformou a Covid-19 numa doença muito mais leve hoje. É assim, aliás, que terminam as pandemias, justamente com o avançar da imunidade populacional. Sabemos que algumas populações respondem muito mal às vacinas e, para esses, recomendações específicas foram e têm sido feitas. Idosos e crianças – que nunca se expuseram ao vírus – hoje compõem os grupos de maior incidência de hospitalização pela doença.

    As vacinas vêm evoluindo, buscando nova composição que englobam as cepas mais atuais, contendo em sua formulação a variante ômicron (bivalentes e em breve monovalentes também), num constante progresso da ciência. E mais uma vez nosso sistema de saúde (SUS) mostrou sua força e importância e as vacinas cumpriram o seu principal papel de salvar vidas, evitar mortes, prevenir sequelas e reduzir sofrimento. É uma ferramenta de promoção de saúde pública inigualável! Que todos finalmente entendam de uma vez por todas essa verdade irrefutável: as vacinas salvam vidas.

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    *Renato de Ávila Kfouri é médico infectologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e pediatra, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

     

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