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A democratização do tratamento do câncer: um caminho inadiável

Diante do avanço da doença pelo mundo, uma discussão se impõe: como levar as inovações da oncologia ao maior número de pacientes?

Por Bruno Ferrari*
7 nov 2024, 08h00

O cenário da oncologia no Brasil, como em outros países, enfrenta desafios que impactam diretamente a vida dos pacientes. Entre os mais urgentes estão a acessibilidade aos tratamentos e a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Como oncologistas, vemos diariamente a importância de garantir que inovações científicas e tecnológicas cheguem a todos, independentemente da condição financeira ou localização geográfica.

É fato: câncer ultrapassará as doenças cardiovasculares em causa de morte. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o número de pessoas vivendo com a condição no mundo só aumenta, e o Brasil não é exceção.

Estamos diante de uma crise potencial, com projeção de crescimento de cerca de 80% nos 35,3 milhões de novos casos estimados até 2050. Garantir, portanto, o acesso equitativo a diagnósticos precoces e tratamentos avançados é uma necessidade de saúde pública e um imperativo ético.

Felizmente, inovações têm revolucionado as formas de abordar e tratar o câncer. As terapias-alvo, a imunoterapia, a medicina de precisão associadas a inteligência artificial (IA) têm proporcionado níveis de personalização do tratamento que, até pouco tempo atrás, eram inimagináveis.

Mas o desafio persiste: as disparidades no acesso aos tratamentos são uma realidade alarmante. Como garantir que o avanço científico, com custos altíssimos, seja acessível? A resposta passa pela revisão de políticas públicas, parcerias estratégicas entre os setores público e privado, e um foco incessante na equidade.

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É necessário que o Brasil avance em regulamentações que promovam a inclusão de novos tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Discussões amplas sobre a democratização do acesso a medicamentos ganham força. Ainda assim, há um longo percurso para garantir que o progresso científico beneficie a todos. A começar pelo cumprimento da Lei 12.732, de 2013, que determina o início do tratamento em até 60 dias após o diagnóstico de câncer.

A violação dos prazos, de conhecimento público, se estende à lei de 2019 que determina 30 dias para que pacientes da rede pública com suspeita de câncer tenham acesso aos exames diagnósticos.

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A sustentabilidade do setor oncológico deve ser uma prioridade. O custo para desenvolver e implementar novas tecnologias de tratamento é elevado, e isso impõe esforços para o setor privado e para o público. É fundamental que criemos soluções viáveis que garantam o acesso aos tratamentos de alta complexidade, ao mesmo tempo em que preservamos a saúde financeira das instituições. O bem-estar do paciente, afinal, não deve ser comprometido por limitações orçamentárias.

Além disso, é de extrema relevância o protagonismo do paciente em sua jornada de tratamento. O avanço científico trouxe à tona a importância de uma abordagem que valorize a qualidade de vida e a saúde emocional dos pacientes. Não podemos enxergar o tratamento oncológico apenas como um conjunto de medicamentos e procedimentos.

Deve envolver uma rede multidisciplinar que considere aspectos psicológicos, familiares e sociais. A missão de democratizar o acesso e o cuidado centrado no paciente é um caminho inadiável. Modelos de atuação, que integrem tecnologia de ponta, parcerias internacionais e capilaridade nas estruturas de assistência, podem aproximar dos pacientes o que há de mais avançado na oncologia mundial.

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Esse é um esforço coletivo. O futuro da oncologia no Brasil e de sua acessibilidade depende de uma articulação entre governos, companhias privadas, centros de pesquisa e a sociedade civil. Juntos, podemos trabalhar para que, diante de uma doença como o câncer, a resposta seja universal e acessível para todos.

* Bruno Ferrari é oncologista, fundador e CEO da Oncoclínicas & Co.

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