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A evolução da mamografia: do tabu à esperança contra o câncer de mama

Mitos de que o exame 'causa câncer' ou que está ultrapassado precisam ser combatidos com dados e educação; tumor é o que mais mata mulheres no Brasil

Por Vivian Milani*
1 out 2024, 08h00

Cada vez mais mulheres estão conscientes da necessidade da realização da mamografia e incentivam suas familiares e amigas a realizarem esse exame de prevenção fundamental. Algumas mulheres que passaram pelo tratamento do câncer de mama até buscam suas amigas em casa para fazer a mamografia, às vezes, dizendo: “Não tenha medo, este exame salvou a minha vida”.

Em 1999, quando iniciei na residência médica, na área de diagnóstico por imagem, e escolhi como especialidade a área de mama, percebia que a palavra câncer era cercada de muitos tabus. Naquela época, falar sobre o tema era incomum entre as mulheres e a mamografia no Brasil estava em estágios iniciais de implementação como exame mais importante ao rastreamento do câncer de mama. Infelizmente, já havia desinformação em torno do exame, considerado “perigoso” para a saúde e doloroso, o que desmotivava muitas mulheres a realizá-lo.

O exame, feito em estruturas bem mais simples do que as disponíveis atualmente, rapidamente se destacou pela sua capacidade de detectar lesões pequenas, permitindo o diagnóstico precoce e aumentando as chances de salvar vidas. Profissionais da área logo perceberam o potencial desse procedimento na saúde feminina e passaram a se especializar na interpretação de laudos mamográficos.

O cenário da mamografia transformou a vida de muitos radiologistas, que viram no diagnóstico precoce uma oportunidade de contribuir para a saúde das mulheres. Apesar do ceticismo que alguns enfrentaram inicialmente, pelo fato do exame mamográfico ser considerado “muito simples”, um raio- X das mamas, o tempo provou que a mamografia era, e continua sendo, um método essencial no combate ao câncer de mama.

Entretanto, apesar dos progressos no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, muitos desafios permanecem. A desinformação, por exemplo, continua sendo um grande obstáculo. Nos últimos anos, tem havido um aumento nas dúvidas e receios das mulheres em relação à mamografia, influenciadas por informações incorretas divulgadas especialmente nas redes sociais. Mitos, como o de que a mamografia “causa câncer” ou que é um exame ultrapassado, precisam ser combatidos com dados e educação.

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O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a previsão para o triênio 2023-2025 é de 73 mil novos casos. No entanto, quando detectado em estágio inicial, as chances de cura podem
chegar a 98%. Esse sucesso se deve, em grande parte, ao diagnóstico precoce proporcionado pela mamografia.

No Brasil, a jornada de atendimento para o câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS) geralmente começa na atenção primária, onde as mulheres são encaminhadas para a realização de mamografias de rastreamento, recomendadas a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos. Caso haja suspeita de câncer, a paciente é direcionada para exames complementares e, se necessário, para biópsias e consultas com mastologistas.

E vale pontuar a agilidade do SUS no tratamento de câncer de mama. Em 99,57% dos casos de carcinoma in situ, o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento no SUS foi de até 30 dias. Esse avanço é fundamental para aumentar as chances de cura e melhorar a qualidade de vida das pacientes.

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Voltando à eficácia da mamografia, o exame, que utiliza radiação ionizante em doses seguras, é o método mais eficiente para detectar lesões mamárias ainda em fases iniciais, quando as chances de cura são maiores e o tratamento pode ser menos invasivo. O incentivo à realização regular do exame permanece como um desafio constante para os profissionais de saúde.

Diversos casos de sucesso reforçam a importância da mamografia. Há relatos de pacientes que, graças a exames de rotina, conseguiram detectar lesões milimétricas e tratar o câncer sem a necessidade de quimioterapia, levando vidas normais após a cura. A humanização no atendimento também é fundamental no tratamento do câncer de mama. Um ambiente acolhedor e uma equipe que transmita empatia e segurança faz absoluta diferença, ajudando as pacientes a enfrentarem o processo com mais tranquilidade e confiança.

Apesar de o câncer de mama ainda ser a principal causa de morte por câncer entre mulheres, a maior conscientização e o acesso mais amplo à mamografia têm permitido diagnósticos mais rápidos e tratamentos menos agressivos. É crucial continuar reforçando a mensagem de que a mamografia é segura, eficaz e salva vidas.

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Além disso, é necessário que o sistema de saúde brasileiro continue avançando rumo a uma política de rastreamento mais acessível e estruturada, garantindo que mais mulheres tenham a chance de um diagnóstico precoce e, consequentemente, de cura.

Cada exame realizado pode fazer a diferença e cada vida salva é um motivo para persistir nessa luta. O objetivo é ver um futuro em que o acesso à saúde seja ampliado. A dedicação dos profissionais de saúde à promoção da mamografia como ferramenta de diagnóstico precoce é um passo fundamental nessa direção.

* Vivian Milani é médica radiologista especializada em mama da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI)

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