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A importância da doação de medula na luta contra as leucemias

Estigmas que cercam o transplante de medula óssea acabam desencorajando potenciais doadores; veja mitos e verdades sobre procedimento

Por Otávio Baiocchi e Philip Bachour*
6 fev 2025, 10h00

A leucemia aguda é um dos tipos mais graves de câncer hematológico, acometendo milhares de brasileiros anualmente. No Brasil, de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de casos novos da doença estimados para 2025 é de 11.540, abrangendo tanto leucemias agudas quanto crônicas. A forma crônica, por sua vez, evolui de modo mais lento, mas também exige acompanhamento e tratamento adequado. Diante deste cenário, a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e a eficácia do transplante de medula óssea é fundamental para salvar vidas.

Esses são tipos de câncer que afetam a medula óssea, local onde são produzidas as células do sangue e podem ocorrer em qualquer fase da vida, sendo o tipo de câncer mais comum na infância. Nos últimos anos, avanços científicos e terapêuticos contribuíram para um aumento significativo nas taxas de cura. Contudo, a eficácia do tratamento ainda depende de um diagnóstico precoce e do acesso a tratamentos modernos.

As leucemias ocorrem devido à mutação genética que leva à multiplicação descontrolada de células imaturas chamadas blastos. Essas células cancerosas invadem a corrente sanguínea, comprometendo a produção normal de glóbulos vermelhos, plaquetas e glóbulos brancos. Como consequência, os principais sintomas incluem anemia, sangramentos espontâneos, hematomas sem causa aparente, infecções recorrentes e febre persistente.

O diagnóstico inicial pode ser feito por meio de um hemograma simples. No entanto, para identificar o subtipo da doença e determinar a melhor conduta terapêutica, exames genéticos avançados são necessários. Infelizmente, nem todos esses exames estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que pode atrasar o início do tratamento e comprometer as chances de cura.

Nos casos mais agressivos da doença, o transplante de medula óssea (TMO) é a melhor alternativa. Esse procedimento consiste na substituição das células doentes por outras saudáveis, obtidas de um doador compatível, possibilitando a reconstituição da medula óssea e a normalização da produção sanguínea do paciente.

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Existem muitos mitos e estigmas que cercam o transplante de medula óssea e que acabam desencorajando potenciais doadores. Um dos equívocos mais comuns é acreditar que a doação é um procedimento altamente invasivo e doloroso. Na realidade, a maioria dos transplantes é realizada por coleta de células-tronco do sangue periférico, um método seguro e semelhante à doação de plaquetas.

Outro mito frequente é o receio de que o doador possa sofrer sequelas permanentes ou ter a saúde comprometida após a doação. Estudos demonstram que a recuperação é rápida e que os efeitos colaterais são leves e temporários. É fundamental esclarecer que a medula óssea se regenera rapidamente, garantindo que o doador não fique com deficiência na produção sanguínea.

Há também o estigma em relação aos pacientes transplantados, que são muitas vezes vistos como pessoas permanentemente fragilizadas. Apesar de a recuperação exigir cuidados, cerca de 80% deles retomam suas atividades normais e têm uma excelente qualidade de vida poucos meses após
o procedimento, de acordo com o INCA.

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A compatibilidade entre doador e receptor é determinada pelo exame de Antígenos Leucocitários Humanos (HLA). A chance de encontrar um doador 100% compatível entre irmãos é de apenas 25% e, como as famílias estão cada vez menores, a maioria dos pacientes depende de doadores voluntários
cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), terceiro maior banco de doadores do mundo, com cerca de 6 milhões de voluntários cadastrados.

Para ser um doador voluntário é preciso ir a um hemocentro e fazer o cadastro no Redome. É necessário ter entre 18 e 35 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde e não ter nenhuma doença que impeça a inclusão na lista nacional de doadores. Ao se cadastrar é coletada uma pequena amostra de sangue para análise.

O mês Fevereiro Laranja é um momento crucial para reforçar a conscientização sobre as leucemias agudas e crônicas e a importância do transplante de medula óssea. Acesso à informação correta e a mobilização da sociedade podem ampliar o número de doadores e oferecer esperança para milhares de pacientes.

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A leucemia é uma doença grave, mas com os avanços da medicina e o comprometimento coletivo, é possível salvar vidas. Tornar-se um doador de medula óssea é um gesto de solidariedade que pode significar a diferença entre a vida e a morte para quem espera por uma chance de cura.

* Otávio Baiocchi é head do Centro Especializado em Linfoma e Mieloma do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Philip Bachour é onco-hematologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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