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Letra de Médico

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A importância da vacinação em adultos

São cada vez mais frequentes os estudos que evidenciam os benefícios de vacinas em adultos, procedimento frequentemente negligenciado pelos médicos

Por Artur Timerman
20 abr 2017, 12h40
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  • São cada vez mais frequentes os trabalhos científicos onde se evidenciam os benefícios do emprego de agentes vacinais em pacientes adultos, procedimento muitas vezes negligenciado na prática clínica diária das mais diferentes especialidades.
    Tendo em vista essas evidências científicas, propugna-se um calendário de imunizações a serem empregadas em pacientes adultos; nesse calendário utilizam-se as seguintes vacinas:

    A importância das vacinas

    Os agentes imunizantes acima especificados apresentam impacto expressivo na saúde dos adultos como um todo. Especial ênfase deve ser dada às vacinas contra influenza e anti-pneumocócica quando abordamos especificamente os cuidados do paciente acometido por doença cardíaca.

    Dentre as graves complicações que podem advir em pacientes idosos acometidos por infecções pelo vírus influenza incluem-se pneumonias e exacerbações de patologias co-existentes, ressaltando-se dentre elas as cardiopatias.

    A vacinação contra influenza tem sido consistentemente associada à reduções expressivas no índice de internações hospitalares, assim como na taxa de óbitos por qualquer natureza em pacientes idosos. Durante surtos epidêmicos de influenza, evidencia-se expressivo incremento no número de hospitalizações por causas cardiovascular e cerebrovascular.

    Reconhece-se também que o advento de complicações bacterianas secundárias ao quadro de influenza, em especial as infecções invasivas por pneumococos, podem também aumentar o risco de evento cardiovascular agudo.

    Um dos maiores óbices ao emprego da vacina contra influenza tem sido a falta de recomendação do médico; elucidativo em relação a esse fato é a seguinte Tabela, publicada pelo Centers for Disease Control (CDC), dos Estados Unidos, onde se demonstra a importância da recomendação médica para que o paciente se imunize:

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    Fatos relacionados ao emprego de vacinas em adultos

    Atitude do paciente Atitude do Médico % Vacinados
    Sim Sim 87%
    Não Sim 70%
    Sim Não 8%
    Não Não 7%

    A Organização Mundial da Saúde e o CDC norte-americano, por esses motivos, enfatizam a importância de implementar a imunização contra influenza. Ressaltam que, apesar de todas evidências já mencionadas, ainda na temporada de gripe de 2014-2015, a doença cardíaca encontrava-se entre as mais comumente encontradas condições clínicas crônicas que levou à internação hospitalar: 50% dos adultos hospitalizados com gripe durante a temporada 2014-2015 apresentavam doença cardíaca associada, mais frequentemente doença arterial coronariana; além dessa, também foram frequentes a admissão de pacientes com:

    Um dos maiores problemas para a administração em maior escala das vacinas contra influenza atém-se a mitos relativos à sua segurança.

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    As vacinas contra influenza são consideradas um dos mais seguros produtos médicos em uso. Centenas de milhões de norte-americanos, por exemplo, foram vacinados com essas vacinas nos últimos 50 anos, havendo substancial evidências científicas quanto à sua segurança.

    Mitos a serem enfaticamente desmentidos

    1. Vacina da gripe causa gripe: NÃO. As vacinas contra gripe contém virus inativado, que se caracterizam como partículas não infectantes; há produtos com vírus atenuados, que acarretam infecção subclínica, sendo os eventos colaterais extremamente menos expressivos em comparação àqueles acarretados pelo vírus selvagem.
    2. Vacina da gripe causa muitos efeitos colaterais: como qualquer outro agente vacinal, a vacina da gripe pode acarretar efeitos adversos, os quais em geral são de intensidade leve e auto-limitados, durante pouco tempo em geral.Os mais comumente observados efeitos colaterais associados à vacina contra gripe são:

    Alguns estudos evidenciaram uma possível pequena associação entre a vacina contra a gripe e o desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré (SGB). Em termos gerais, em tais estudos estimou-se que o risco de SGB após vacinação foi tão reduzido quanto um ou dois casos de SGB por 1 milhão de pessoas vacinadas. Em outros estudos, não se evidenciou tal associação.

    Ressalta-se que a SGB se associa, também raramente, à doença gripal. Em termos gerais, conceitua-se que conquanto rara, a SGB é muito mais comumente associada à doença gripal em comparação ao verificado após vacinação anti-gripal.

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    Pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) acometem mais de 5 milhões de adultos nos Estados Unidos, causando 1,1 milhões de admissões hospitalares, sendo responsável por mais de 60.000 mortes por ano.

    Doenças cardíacas afetam mais de 30 milhões de norte-americanos adultos, sendo responsáveis por 5 milhões de admissões hospitalares ao ano e mais de 300.000 mortes naquele país.

    Tanto PAC quanto doenças cardíacas incidem mais comumente em indivíduos de meia-idade ou idosos. Estima-se que mais da metade dos pacientes idosos que se apresentam com PAC que requeira internação hospitalar têm alguma doença cardíaca crônica de base.

    É fato reconhecido que um quadro agudo de pneumonia contribui para a piora aguda do quadro cardíaco pré-existente, podendo também desencadear novos eventos cardíacos; dentre os mecanismos fisio patogênicos associados a tais alterações induzidas pelo processo infeccioso se incluem alterações induzidas:

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    Existem disponíveis duas vacinas anti-pneumocócicas:

    1. A vacina conjugada anti-pneumococia (PCV13 ou Prevenar 13®): é atualmente recomendada para todas crianças menores de 5 anos de idade, assim como também para todos adultos com idade superior a 65 anos. Pode também ser utilizada em pessoas entre 6 a 64 anos de idade que apresentem outras condições clínicas de base (imunodepressão, por exemplo).
    2. A vacina polissacarídea de pneumococo 23 valente (Pneumovax® – PPSV23): tem seu uso recomendado para todos adultos com idade superior a 65 anos.

    Recomenda-se, em adultos, o uso inicial da vacina PCV13, tendo em vista sua maior imunogenicidade. Esse uso inicial “prepararia” o sistema imunológico para a administração da dose de PPSV23, que deveria ser administrada 6 a 12 meses após essa administração inicial.

    Como com qualquer outro agente vacinal, essas vacinas podem se associar a alguns eventos adversos. Os mesmos, em geral, se caracterizam como de leve intensidade, sendo em grande parte auto-limitados. São muito raros os relatos de eventos adversos graves.

    Especificamente em relação à vacina PCV13, os eventos colaterais mais comumente relatados são:

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    No que tange à vacina PPSV23, cerca de metade dos indivíduos que a recebem apresentam efeitos colaterais caracterizados como de leve intensidade, especialmente vermelhidão no local da administração da injeção. Menos que 1% dos indivíduos desenvolvem febre, mialgia ou reações locais mais severas.

     

    Artur Timerman

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    Adriana Vilarinho, dermatologista
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    Artur Timerman, infectologista
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