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A virada da vacina do HPV

É inadmissível seguirmos perdendo quase 8 mil mulheres por ano, 19 por dia, morrendo por câncer de colo de útero e outros tumores ginecológicos

Por Andrea Paiva Gadelha Guimarães*
30 set 2025, 08h00

No Brasil, o câncer do colo do útero ainda é uma sentença cruel. A cada dia, 19 mulheres perdem a vida para uma doença que poderia ser evitada. São quase 8 mil mortes anuais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Por trás desses números, há famílias desfeitas, filhas e filhos que crescem sem suas mães, histórias interrompidas em plena fase produtiva da vida. É um drama silencioso, mas que precisa ser enfrentado com políticas públicas firmes e transformadoras.

A ciência já mostrou o caminho. O papilomavírus humano, o HPV, é responsável por 99% dos casos de câncer do colo do útero. O vírus também está associado a tumores de vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe. A boa notícia é que existe uma vacina eficaz, segura e capaz de evitar a maior parte desses tumores. Embora esteja disponível gratuitamente para grupos específicos no Brasil pelo SUS, a cobertura vacinal ainda está abaixo do ideal. O resultado é alarmante: uma pesquisa inédita do Grupo EVA em parceria com o Instituto Locomotiva revelou que 57% das brasileiras desconhecem que o HPV é o principal causador do câncer de colo do útero. Essa falta de informação se traduz em omissões.

Quase metade das mulheres não sabe para que serve o exame de DNA-HPV, 42% não se lembram de ter tomado a vacina e 29% desconhecem a função do papanicolau. Enquanto isso, seguimos convivendo com uma mortalidade que atinge sobretudo mulheres em situação de maior vulnerabilidade social. É uma tragédia desigual, que atinge mais forte quem menos acesso tem à informação e ao cuidado.

Precisamos de uma virada efetiva. A vacinação contra o HPV deve ser tratada como prioridade absoluta de política pública. Não se trata apenas de disponibilizar doses, mas de promover campanhas nacionais de esclarecimento, combater fake news e engajar escolas, famílias e profissionais de saúde. É necessário vacinar meninas e meninos, porque o HPV não tem gênero e só com uma cobertura ampla e equitativa conseguiremos interromper a cadeia de transmissão do vírus.

Paralelamente, é urgente implementar de forma rápida e consistente o teste de DNA-HPV no SUS. Este exame é mais eficaz do que o papanicolau na detecção precoce de lesões precursoras do câncer, permitindo diagnósticos mais precisos e intervenções mais oportunas. A combinação entre vacina e testagem moderna é a estratégia que países desenvolvidos já adotam e que está transformando a perspectiva de eliminação do câncer do colo do útero como problema de saúde pública.

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O Brasil não pode ficar para trás. Temos a chance histórica de proteger uma nova geração. Se garantirmos hoje a imunização de meninas e meninos, no futuro próximo veremos cair drasticamente os índices de mortalidade. Essa é a promessa mais concreta que a ciência nos oferece: um futuro sem o fantasma do câncer do colo do útero.

A campanha Setembro em Flor, liderada pelo Grupo EVA, nasce com esse propósito. Assim como o Outubro Rosa consolidou a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, setembro deve se firmar no calendário anual da saúde como o mês dedicado aos cânceres ginecológicos. É o momento de romper o silêncio histórico, de trazer para o debate público temas muitas vezes cercados de tabus, e de reafirmar que o cuidado com a saúde da mulher vai muito além de um único tumor.

Não podemos mais permitir que a negligência em relação ao HPV siga ceifando vidas de brasileiras em idade fértil. O país tem condições de dar essa virada com decisão política e compromisso coletivo. A vacina contra o HPV é, sem dúvida, a maior oportunidade que temos de salvar milhares de meninas e meninos. Que não deixemos escapar essa chance histórica de escrever um futuro mais justo, saudável e livre para nossas próximas gerações.

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*Andrea Paiva Gadelha Guimarães é presidente do Grupo EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos

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