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Ameaças ambientais à fertilidade: é preciso agir imediatamente

A poluição do ar e o calor extremo já estão fortemente ligados a prejuízos na capacidade de ter filhos, alerta especialista

Por Rodrigo Rosa*
Atualizado em 9 Maio 2024, 12h44 - Publicado em 3 abr 2024, 07h41
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  • Não é de hoje que ouvimos promessas vazias de governantes e autoridades globais sobre as reduções de emissões de poluentes e gases do efeito estufa. E, além de todos os motivos amplamente falados, a poluição do ar e o calor extremo ainda estão ligados ao comprometimento da fertilidade.

    Recentemente, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) publicou um documento que pede ações imediatas para enfrentar os efeitos das alterações climáticas e da poluição atmosférica sobre as taxas de fertilidade e a saúde reprodutiva.

    Atualmente, metade dos países em todo o mundo apresenta uma taxa de fertilidade abaixo do nível de substituição, quando as taxas de natalidade e mortalidade são iguais.

    Essa baixa taxa de fecundidade, se sustentada, torna cada nova geração menos populosa que a anterior em uma determinada área, com implicações sociais e econômicas grandiosas.

    Embora a infertilidade seja uma condição tratável, as ameaças ambientais inserem um número maior de pessoas no problema de infertilidade, e os procedimentos ainda não são acessíveis para a maioria delas.

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    Há cada vez mais evidências que associam fatores ambientais (poluição do ar e o calor extremo, sobretudo) ao declínio das taxas de fertilidade, com menor contagem de espermatozoides e taxas de gravidez reduzidas, sem falar no risco aumentado de aborto espontâneo.

    Sabemos que as mães expostas ao calor durante o parto têm maior probabilidade de sofrer de hipertensão, resultado de gravidez mais desfavoráveis e internações hospitalares mais prolongadas. Outro dado importante é que cerca de 3,6 bilhões de pessoas vivem em áreas consideradas “altamente vulneráveis” à mudança do clima.

    Uma prova de que a poluição é extremamente danosa é que as taxas de gravidez aumentam 3% a cada 200 metros acrescidos entre uma residência e uma estrada principal, o que exemplifica o impacto das emissões de poluentes pelos carros na infertilidade.

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    Segundo estudos, a exposição gestacional a partículas finas de poluentes esteve associada a um aumento da probabilidade de perda da gravidez em diversas regiões do mundo. Homens e mulheres que trabalham ao ar livre em cidades grandes têm maior dificuldade em engravidar (agentes de trânsito, taxistas, motoristas de ônibus etc.).

    As prioridades defendidas pela Sociedade Europeia de Reprodução são claras: atingir zero emissões líquidas de CO2 nos próximos 20 anos e manter o aquecimento global dentro de um aumento de 1,5%.

    Muitas vezes, a fertilidade masculina e feminina não é vista como uma prioridade, mas o fato é que ela soma argumentos para cuidarmos melhor do planeta e de nós mesmos.

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    * Rodrigo Rosa é ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, diretor clínico da Mater Prime e do Mater Lab, em São Paulo, e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH)

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