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China terá papel cada vez mais relevante na saúde global

Com saída dos EUA da OMS, país asiático deve assumir maior protagonismo e acelerar projetos e parcerias em inovação médica, vislumbra professor

Por Dimas Covas*
25 mar 2025, 07h00

A chegada da internet trouxe um espírito de otimismo. Havia a expectativa de que uniria os povos pelo conhecimento, estabelecendo uma nova comunhão global voltada ao progresso. A informação passou a circular de forma instantânea, conectando culturas e promovendo um intercâmbio de ideias sem precedentes.

Em parte, essa promessa se concretizou. No entanto, nas últimas décadas, sinais de desagregação e disputa se intensificaram. Na saúde, esse fenômeno tornou-se evidente.

O caso das vacinas contra a covid-19 talvez seja um dos exemplos mais emblemáticos. No Brasil, a vacinação começou em 17 de janeiro de 2021, com a Coronavac – imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

O Brasil tem tradição consolidada em imunização: o PNI (Programa Nacional de Imunizações), criado em 1975, é um dos maiores do mundo, sempre contando com grande adesão popular. Antes da pandemia, a vacinação contra o sarampo alcançava índices de cobertura superior a 95%.

Porém, a ascensão das redes sociais trouxe um fenômeno preocupante: a rápida disseminação da desinformação. Campanhas coordenadas, baseadas em boatos e teorias conspiratórias, minaram a confiança na ciência.

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Como destacou a revista médica The Lancet, essa onda de desinformação levou muitas pessoas a abandonar tratamentos comprovados e seguir recomendações infundadas de “influenciadores”. Muitas dessas indicações eram fantasias ou, pior, estratégias voltadas ao lucro.

As suspeitas sobre a China também se sustentam em alegações infundadas sobre sua capacidade tecnológica e sua disposição para cooperar com outras nações. No entanto, os fatos desmentem essas narrativas. Longe de ser um país isolado ou tecnologicamente atrasado, a China se consolidou como potência inovadora e um dos principais atores no cenário global.

Enquanto instituições como a OMS (Organização Mundial da Saúde) sofrem abandonos, a China tem se fortalecido como um agente ativo na cooperação internacional em saúde. A parceria com o Brasil é um exemplo. Os dois países firmaram um plano de ação para a saúde para o período de 2024 a 2026, abrangendo a medicina tradicional, as emergências sanitárias, a saúde digital e o desenvolvimento econômico-industrial. Além disso, o acordo prevê o intercâmbio tecnológico e o monitoramento conjunto.

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Com a saída dos EUA da OMS, a China assumiu uma postura firme em defesa do fortalecimento da organização. Em 2019, os pesquisadores Yang Cheng e Feng Cheng argumentaram que o país tem “muito a oferecer na promoção da saúde global e na superação dos desafios que essa meta enfrenta” e deve ser considerado “parte inseparável da governança da saúde global e da cooperação bilateral”.

O compromisso chinês com a inovação tecnológica é inegável. O país avança rapidamente em setores estratégicos como robótica, automação industrial e inteligência artificial. Hoje, ocupa posição de liderança na produção de veículos elétricos e no desenvolvimento aeroespacial.

Na saúde, o DeepSeek – um sistema de IA comparável aos mais avançados do mundo – está sendo aplicado em hospitais chineses, aprimorando diagnósticos e otimizando processos clínicos.

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Além disso, instituições como a Universidade de Tsinghua conduzem experimentos inovadores com IA generativa para o treinamento de médicos e enfermeiros. Esses projetos exploram novas formas de interação entre humanos e máquinas, permitindo simulações clínicas mais eficientes. No campo da biotecnologia, a China também registra avanços significativos em pesquisa e desenvolvimento de fármacos e vacinas.

Todos esses progressos indicam uma tendência irreversível: a China continuará expandindo sua atuação em tecnologia e saúde, consolidando-se como um ator indispensável. Em vez de limitar sua atuação ao nível local, o país tem demonstrado interesse em fomentar a colaboração internacional e integrar diferentes nações em seus projetos científicos e tecnológicos. Essa postura reflete a interdependência dos países na busca por soluções para desafios globais.

Para o Brasil, essa abertura representa uma oportunidade valiosa. A cooperação sino-brasileira pode gerar impactos positivos desde o fortalecimento do sistema de saúde até o avanço da pesquisa científica. Diante desse cenário, minimizar o papel da China no contexto global seria um erro estratégico.

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O conceito de “aldeia global”, proposto pelo filósofo canadense Marshall McLuhan, tornou-se uma realidade. Em um mundo interconectado, desafios e oportunidades transcendem fronteiras. A colaboração internacional, especialmente na saúde, é essencial. A China tem se mostrado disposta a assumir um papel central nesse processo. Cabe aos demais países, incluindo o Brasil, fortalecer esses laços em benefício da humanidade.

* Dimas Covas é médico hematologista, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e ex-diretor do Instituto Butantan

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