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Com efeitos duradouros, cirurgia plástica pode ganhar no custo-benefício

Procedimentos não invasivos duram pouco e não são baratos

Por *Gerson Luiz Julio
21 Maio 2024, 09h39

A história da cirurgia plástica é cheia de curiosidades. A maior parte das pessoas se surpreenderia ao saber que, no século VI a.C., na Índia, já se fazia um tipo rudimentar de rinoplastia. A técnica surgiu para restaurar a face de indivíduos que tinham o nariz amputado como punição por algum delito, como roubo ou adultério. 

Os tempos mudaram, é verdade, mas a rinoplastia continua sendo uma das cirurgias plásticas mais realizadas em todo o mundo. No ano de 2020, segundo dados da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery), o Brasil liderou esse ranking, com quase 90 mil procedimentos desse tipo. Essa cirurgia, em particular, pode ser motivada tanto por razões estéticas (alterar o tamanho do nariz ou a largura do dorso, corrigir narinas muito largas ou assimetrias) como para solucionar dificuldade respiratória (desvio de septo).

Hoje a decisão de se submeter a uma cirurgia plástica é algo relativamente corriqueiro, mas nem sempre foi assim. No século XVI, Gasparo Tagliacozzi, professor na Universidade de Bolonha, tido como o pioneiro dessa especialidade, foi alvo de críticas por teólogos, para quem a tentativa de aperfeiçoar a obra de Deus era uma espécie de heresia. Depois de sua morte, o Tribunal da Inquisição mandaria queimar suas obras. Considerada pecaminosa, a plástica da face chegou a ser proibida em Paris no ano de 1788.

No final do século XIX, já com a anestesia (desde 1846) e com a antissepsia (desde 1867), a cirurgia plástica, inclusive a estética, ganhou significativo avanço, uma vez que diminuía a dor e aumentava a segurança dos procedimentos. Foram, no entanto, as duas grandes guerras do século XX, que produziram legiões de soldados gravemente feridos, amputados ou desfigurados, o grande impulsionador do desenvolvimento da especialidade. A necessidade de reconstrução levaria ao aperfeiçoamento das técnicas, que seriam empregadas também para o embelezamento do corpo e das feições. 

Cuidar da aparência também é saúde

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De início, a cirurgia estética, diferentemente da reconstrutiva, que nasceu de uma necessidade de saúde, foi associada apenas à vaidade. Como era um procedimento caro, estava ao alcance de poucas pessoas: a clientela dos consultórios vinha principalmente da alta sociedade. Manter a melhor aparência possível, retardando ao máximo as marcas de envelhecimento, era ainda um privilégio de poucos, mas, sem dúvida, um desejo de muitos.

Há bastante tempo, porém, essa situação mudou. Isso porque os procedimentos estéticos cirúrgicos, por um lado, se tornaram muito mais acessíveis e, por outro, passaram a ser vistos como parte da saúde em sentido amplo, na medida em que proporcionam bem-estar, satisfação pessoal e autoconfiança. Ao elevar a autoestima do paciente, a cirurgia plástica deixa de ser um luxo e passa a ser um componente relevante da qualidade de vida. Cuidar da aparência é também cuidar da saúde. 

Mesmo assim, o receio de não obter o resultado esperado – ou sonhado – e os eventuais riscos que todo tipo de cirurgia traz inibem alguns pacientes, que, paradoxalmente, não hesitam em submeter-se a um sem-número de procedimentos estéticos considerados não invasivos (preenchimento, toxina botulínica, colocação de fios, harmonização facial etc.) diversas vezes por ano.

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Muitas pessoas buscam esses procedimentos, imaginando serem indolores, rápidos, sem tempo de recuperação, isentos de riscos e mais baratos, como quem busca um salão de beleza. Na verdade, porém, nem sempre são indolores e, mais que isso, podem provocar hematomas, inchaços e outras reações desconfortáveis que requerem cuidados e algum tempo de descanso. Quanto aos resultados, mesmo quando são bons, são muito menos duradouros que os de uma cirurgia plástica.

As técnicas cirúrgicas evoluíram muito, os riscos já são muito baixos e – o que nem todos sabem – os valores estão mais acessíveis. Os resultados de uma cirurgia, em geral, são muito mais naturais e seguros, uma vez que o paciente passa por rigorosa avaliação médica antes da intervenção.

Custo-benefício

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O ideal é que quem pensa em se submeter a algum tipo de procedimento estético, em vez de escolher um preenchimento ou uma aplicação de Botox em um catálogo, consulte um cirurgião plástico. O profissional saberá recomendar para cada paciente o tratamento, cirúrgico ou não, que melhor atenda suas necessidades, mostrando as limitações de cada um, os riscos, os cuidados necessários e também o custo-benefício.    

Além da segurança e da durabilidade dos resultados, a cirurgia plástica hoje rivaliza com os procedimentos estéticos não invasivos também no quesito investimento. Feitas as contas, o que se gasta em reiterados procedimentos de baixa duração pode não compensar na ponta do lápis. 

E mais: o paciente tende a ser muito menos exigente na busca do profissional que vai realizar procedimentos em clínicas de estética, por vezes pondo em primeiro plano as condições de pagamento. Todo procedimento tem algum risco, portanto é muito mais seguro tomar a decisão em conjunto e com um profissional qualificado.

*Gerson Luiz Julio é especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), membro titular, da ISAPS (International Society of Plastic Surgery), da ASPS (American Society of Plastic Surgeons) e da Federação Ibero Latino-Americana de Cirurgia Plástica (FILACP).

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